A Nacao

Tudo pode acontecer domingo

■ Candidatur­as promovem “ondas” de aglomeraçã­o na fase final ■ Norte pode desequilib­rar a balança ■ Campanha digital : Dinheiro dita quem pode mais

- Daniel Almeida

À priori, está descartada a possibilid­ade de haver maioria qualificad­a nas eleições legislativ­as do próximo domingo. Contudo, os dois partidos do arco do poder pedem, insistente­mente, uma maioria absoluta para poderem governar com tranquilid­ade. A UCID, por seu lado, defende uma maioria relativa para poder, finalmente, influencia­r a governação do país.

Nesta reta final da campanha para as eleições legislativ­as do próximo domingo, 18 de Abril, as expectativ­as dos três partidos com assento parlamenta­r estão em alta, mas cada um à sua maneira.

O MpD quer renovar o mandado conquistad­o em 2016, o PAICV almeja regressar ao poder, depois de cinco anos de oposição, e a UCID traça como principal objectivo eleger o maior número de deputados possíveis para poder formar um grupo parlamenta­r.

O MpD, que venceu as eleições de 2016, de forma clara, conquistan­do 40 dos 72 deputados no Parlamento, mostra-se agora mais comedido, pedindo insistente­mente uma maioria absoluta, ou seja, no mínimo 37 deputados.

O presidente do MpD, Ulisses Correia e Silva, afirmou, logo no início da campanha, que um bom resultado nas eleições legislativ­as é manter a maioria absoluta, justifican­do que o país precisa de “estabilida­de” na governação para lidar com as consequênc­ias da pandemia.

“Um bom resultado é ganhar com maioria absoluta, por duas razões. Cabo Verde precisa de estabilida­de, política governativ­a, o Parlamento é um elemento fundamenta­l dessa estabilida­de, segundo lugar nós estamos numa pandemia e numa situação de crise muito grave a nível mundial, mas que afeta também Cabo Verde”, afirmou.

Os ventoinhas venceram as legislativ­as de 2016 com 53,7% dos votos expressos, mas, nestas eleições, a luta parece estar mais renhida, com o PAICV a querer melhorar o seu score de 37,1% conquistad­os há cinco anos. Motivado pela recuperaçã­o das últimas autárquica­s, o partido da estrela negra quer disputar, no corpo a corpo, a governação perdida em 2016, ao fim de 15 anos de José Maria Neves.

O PAICV traça como principal objectivo, nestas eleições legislativ­as, o regresso ao poder. Conforme afirmou a líder do partido, Janira Hopffer Almada, na véspera do arranque da campanha para as eleições legislativ­as, um bom resultado passa, primeirame­nte, pelo aumento de votos e, consequent­emente, pelo aumento de mandatos no Parlamento.

“O PAICV tem uma meta clara, que é ganhar as eleições legislativ­as de 2021, ter a maioria para formar Governo e implementa­r o projeto Cabo Verde para todos”, afirmou.

No meio das duas principais forças políticas, a UCID que, para além de querer consolidar a sua posição como terceira força política do país, pretende ultrapassa­r a fasquia dos 7%, que lhe permitiu aumentar o número de deputados de dois para três. Grosso modo, os democratas-cristãos querem também conquistar assentos fora de São Vicente, ilha onde elegeu os seus três deputados da legislatur­a anterior.

A estratégia da UCID, e de António Monteiro, em particular, é evitar que o MpD e o PAICV tenham a maioria absoluta. Em caso de maioria relativa, e caso a UCID consiga os seus intentos, a ideia é servir de fiel da balança com o partido mais votado.

Expectativ­as

Diante do quadro geral, é bem provável que haja um maior equilíbrio na distribuiç­ão dos 72 mandatos no Parlamento, tendo em conta o jogo de forças nos principais círculos eleitorais.

Em Santiago Sul, que elege 19 deputados, é bem provável que a diferença seja mínima entre o MpD e o PAICV. Um deles poderá vencer por 10/9. Na região norte de Santiago é expectável que os 14 mandatos em disputa sejam divididos entre os dois partidos do arco do poder.

Nas últimas eleições autárquica­s o MpD saiu mais reforçado na região norte do país.

Mas, em São Vicente, o desenrolar desta campanha eleitoral dá mostras de um certo equilíbrio entre as forças políticas em presença (MpD, UCID e PAICV). O resultado nesse círculo, que elege 10 deputados poderá ser 4/3/3.

Santo Antão é onde o MpD apresenta maior pujança. É bem provável que os ventoinhas venham a conquistar entre três, ou quatro, dos seis mandatos em disputa nesse círculo eleitoral.

No Sal, onde o número de mandatos subiu de três para quatro, o MpD parece estar tranquilo. Os ventoinhas podem eleger três deputados contra um do PAICV. Mas não se deve descartar a UCID que está a movimentar-se muito bem nesse círculo eleitoral. Um outro resultado provável, seria dois mandatos para o MpD, um para o PAICV e outro para a UCID.

No Maio, fazendo uma extrapolaç­ão dos resultados das

últimas eleições autárquica­s, o MpD poderá, eventualme­nte, eleger dois deputados. Mas não será tarefa fácil, porquanto o PAICV está também no terreno para tentar evitar esse descalabro na ilha do Porto Inglês.

No Fogo, onde o PAICV foi destronado pelo MpD, nas últimas eleições legislativ­as, em 2016, os tambarinas vêm recuperand­o terreno, embalados pelos resultados das autárquica­s de 2020. Nesse círculo eleitoral o resultado provável é de três deputados para o PAICV e dois para o MpD.

Nos outros círculos que elegem dois deputados, tanto no país e na diáspora, os dois partidos do arco do poder, MpD e PAICV, dividirão esses mandatos.

Números em jogo

Nas eleições legislativ­as de domingo serão eleitos 72 deputados, em 13 círculos eleitorais, dos quais 10 no país e três na diáspora. Na corrida estãoseis partidos.

Santiago Sul, com 19 mandatos, Santiago Norte, com 14, e São Vicente, com 10 deputados, são os maiores círculos eleitorais do país. Santo Antão elege seis deputados, Fogo cinco e Sal elege quatro deputados. Brava, Maio, Boa Vista, São Nicolau e os três círculos eleitorais da diáspora elegem dois deputados, cada.

O MpD, PAICV e UCID concorrem em todos os círculos, PP em seis círculos (Santiago Sul, Santiago Norte, Boa Vista e os três da diáspora), PTS também em seis círculos (São Vicente, Santiago Sul, Santiago Norte e três da diáspora), e PSD em quatro círculos (Santiago Norte, Santiago Sul, América e África).

Em 2016, o MpD venceu com maioria absoluta as eleições. O partido liderado por Ulisses Correia e Silva conquistou, na altura, 53,7% dos votos, o PAICV obteve 37,1%, enquanto a UCID era a terceira força mais votada com 7%. O MpD conseguiu eleger 40 deputados, o PAICV 29 e a UCID três.

As restantes forças políticas - Partido Popular (PP), Partido do Trabalho e da Solidaried­ade (PTS) e Partido Social Democrátic­o (PSD) - todas juntas não atingiram 1%.

A abstenção registada nessas eleições, uma das mais elevadas de sempre em Cabo Verde, situou-se nos 33,6%. Foram chamados às urnas mais de 350 mil eleitores.

Um total de 597 cidadãos candidatam-se às legislativ­as de domingo, 18 de Abril. Nas urnas, são chamados 393.166 eleitores, sendo 340.582 residentes no país e 52.584 no exterior.

Dos 597 candidatos a deputado, 307 são homens, o que correspond­e a 51,42%, e 290 são mulheres, equivalent­e a 48,58%.

Em termos de assembleia­s de voto, estão previstas 1.245 para o território nacional e 246 para a diáspora, totalizand­o 1.491 assembleia­s de voto.

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