A Nacao

Partidos apresentam “poção mágica” para combater morosidade na justiça

- Daniel Almeida

A morosidade processual é grave continua a ser o grande problema da Justiça cabo-verdiana. Não sendo assunto novo, os três partidos concorrem às eleições legislativ­as de domingo, em todos os círculos eleitorais, voltam a apresentar a “poção mágica” para debelar os problemas que afligem o sector.

OMpD reconhece que a acumulação de processos pendentes e a correlativ­a lentidão processual como um dos principais problemas do país. E, por isso, defende, na sua plataforma eleitoral, uma justiça “efetiva, preventiva, célere, acessível, imparcial e transparen­te”.

No entender desse partido, a morosidade e as pendências “continuam a marcar profundame­nte a realidade judiciária, sendo de uma forma geral, constrangi­mentos mais críticos do setor e do próprio quadro da atividade dos Conselhos superiores, nomeadamen­te, na gestão dos Tribunais e Procurador­ias e dos respetivos recursos, e na gestão processual”.

O MpD perspetiva uma justiça promotora da competitiv­idade do país, capaz de decidir causas em tempo razoável e com previsão de duração máxima dos processos seja na sua tramitação a nível das comarcas seja a nível das instâncias de recurso e superiores.

“A realização da justiça implica uma sinergia permanente entre os vários operadores, com o objetivo essencial de vencer a morosidade processual para se atingir o resultado que todos almejam ou seja uma justiça célere e eficaz, para uma sociedade pacífica, inclusiva, justa, livre do medo e da violência”.

Para alcançar esse desiderato, o partido liderado por Ulisses Correia e Silva propõe, para o próximo ciclo, reforçar as condições para que o Sistema Judicial

garanta uma justiça efectiva, mais célere, acessível, imparcial e transparen­te, baseada no respeito pelos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos e nos princípios do Estado de direito democrátic­o, promovendo a cultura da paz, da segurança e contribuin­do para o desenvolvi­mento sustentáve­l.

O MpD assume criar as condições para ao nível do Ministério

Público se elevar considerav­elmente a taxa de resolução de processos pendentes e a redução sensível da taxa de morosidade dos processos, conforme metas assumidas pelo Conselho Superior do Ministério Público em sede da Ambição 2030.

Entre outras medidas, para além da operaciona­lização do Sistema de Informação da Justiça, o MpD diz que promoverá a instalação faseada do Instituto de Medicina Legal, que reforçará os recursos humanos e o laboratóri­o da Polícia Judiciária e que dotará o país de mecanismos e instrument­os de produção de prova científica promotoras de maior eficácia na justiça penal.

PAICV quer aumentar capacidade de investigaç­ão

O PAICV defende que a justiça deve adotar uma abordagem multifacet­ada e não apenas na vertente punição. Defende, igualmente, acções para fazer face ao crime emergente, especialme­nte os sindicatos do crime transacion­al.

O partido liderado por Janira Hopffer Almada entende, porém, que as “ineficiênc­ias” na gestão dos processos e do sistema judicial são propiciado­ras dos constrangi­mentos que o sistema judicial enfrenta, com reflexos na morosidade. “Para muitos justiça morosa é justiça negada”.

Se vencer as eleições legislativ­as de domingo, o PAICV diz que irá melhorar a gestão do sistema judicial e dos processos. “A nossa aposta é iniciar um esforço de reforma que nos permita obter eficiência na gestão de processos, o que incluirá a modernizaç­ão da plataforma tecnológic­a, englobando o desenvolvi­mento de software/plataforma­s para atualizar as competênci­as do sistema judicial”

Este partido propõe, igualmente, aumentar a capacidade de investigaç­ão, por considerar que é uma área critica, dadas as suas implicaçõe­s para as decisões judiciais e para o processo de julgamento.

“Trabalhare­mos para conceber e implementa­r um projeto para aumentar a capacidade de investigaç­ão, abarcando formações contínuas de curto-prazo, atualizaçã­o e/ou instalação de laboratóri­os e aquisição de materiais. Também nos empenharem­os para garantir que a plataforma do sistema judicial seja capaz de lidar com a carga de processos de investigaç­ão”, realça.

O partido tambarina também propõe promover e ampliar a resolução alternativ­a de disputas, por considerar que muitos casos não precisam de ir a tribunal. “Impulsiona­remos, de forma ativa, os métodos alternativ­os para libertar os tribunais. As opções incluem conciliaçã­o, mediação, arbitragem e conferênci­as de resolução de casos civis que podem ser solucionad­os sem necessidad­e de recorrer a litígios que podem arrastar-se durante anos.

Na perspetiva do partido liderado por JHA, um dos principais desafios do sistema de justiça criminal é a reincidênc­ia. “Para atender a esta vertente, o sistema de justiça criminal deve incluir a reparação e a reabilitaç­ão, para que os infratores possam retornar à sociedade como membros produtivos e contributi­vos”, realça a plataforma eleitoral desse partido que defende a reabilitaç­ão dos infractore­s através de formação e aconselham­ento para o desenvolvi­mento pessoal, “de forma a reduzir substancia­lmente a taxa de reincidênc­ia em Cabo Verde”.

UCID quer mais independên­cia do Ministério Público

Recuperar a confiança no sistema judicial e garantir a sua eficácia e eficiência são propósitos defendidos pela UCID na sua plataforma eleitoral. Os democratas-cristãos pretendem implementa­r um sistema de justiça focada em servir os cidadãos e as empresas e reduzir a criminalid­ade.

Para conferir o poder judicial total autonomia de funcioname­nto, o partido liderado por António Monteiro defende que é a Assembleia Nacional que deve alocar ao poder judicial os meios necessário­s para que a justiça possa funcionar condigname­nte.

A UCID propõe, igualmente, a uma ampla revisão do estatuto do Ministério Público, como forma de aumentar os seus poderes e para que possa ser totalmente independen­te do Governo. A eleição do Procurador Geral da República através do Conselho Superior da Magistratu­ra do Ministério Público, “sem arranjos de partidos políticos e sem intervençã­o do Governo”, é outra proposta desse partido.

A plataforma eleitoral dos democratas-cristãos defende o estabeleci­mento de um prémio para os magistrado­s, sejam judiciais, sejam do ministério público, cuja produtivid­ade esteja acima da média.

Este partido propõe, igualmente, a criação de um fundo de emergência e nomear juízes ad hoc, de entre magistrado­s reformados, professore­s de direito e advogados, cujo papel terá como finalidade resolver as pendências judiciais.

A instalação de tribunais criminais para a resolução de pequenos crimes, a reforma do sistema de assistênci­a judiciária, de modo a assegurar, com oportunida­de, efetividad­e e qualidade, o patrocínio judiciário gratuito e a isenção ou redução de preparos e custas, são outras propostas da UCID para o sector da justiça.

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