Desaparecimento físico de um homem em Calheta São Miguel cuja vida marcou uma geração
Virgílio Silva Furtado, ou, simplesmente, Gil di Jóia, como popularmente era conhecido, nasceu em Calheta São Miguel, Achada Batalha, a 03 de Fevereiro de 1930. O segundo e último filho de Joana Silva Furtado. (Joia). O seu único irmão materno faleceu há já alguns anos. Aos 12 anos de idade, em companhia da mãe e do avô se estabeleceu em Manguinho, subúrbio da cidade de Calheta como é hoje conhecida. No tempo em que Gil nascera Calheta São Miguel não passava pois, de uma pequena Povoação de gente simples e humilde.
Eram quase 2 horas da tarde do dia 05 de Marco de 2021.quando alguém cá do Tarrafal me «surpreendeu» com a triste notícia da suposta morte do Gil di Joia em Calheta São Miguel. Facto que mais tarde viria a ser confirmado por outras pessoas da zona. Segundo essas mesmas pessoas o seu passamento ocorreu, pois, por volta das 12.30 h. Assim é a vida. Deixou-nos um homem, o modelo de sofrimento. Incompreendido por uns e compreendido por outros. Um amante da vida que, na realidade, nunca se deixara assombrar com a certeza da morte, até «brincava» com essa fatalidade, destino comum a todos. O que mais admirava nesse homem era a sua característica, a sua natureza, o seu bom humor, a sua alegria de viver mesmo no meio das dificuldades. Pois, nunca perdera paciência com o seu sofrimento. Embora praticamente sem ninguém, não sentia só na vida, até os cães lhe fazia companhia. Certo é que os vizinhos não o abandonara. Certamente que a sua alma está junto ao Pai a interceder por todos aqueles que o ajudara ao longo do seu calvário. Se na verdade a vida do Gil foi toda ela votada ao sofrimento e à pobreza o seu fim não teve o mesmo destino. Era impressionante ver o número de pessoas acompanhando-o à Ultima Morada. Num espaço de 24 horas apenas foi o suficiente para prevenir os seus amigos sobre a sua ultima caminhada, não obstante, a situação pandémica em que vivemos que, naturalmente, algum sentimento do medo de contágio invade à alma de todos. Dentre esse grupo de pessoas desconhecidas e de longa distância se destacava o famoso homem de violão da localidade de São Domingos, o «Manel di Candinho» como é conhecido, que foi autor há anos de uma musica a ele dedicada que tanto o envaidecia. « Si agu di mar bira grogu Gil di Joia ta bira pexi». Para quem tem acesso à internet pode «saborear» essa musica no youtube.
Em nome da população calhetense sugeria à Camara Municipal de Calheta São Miguel que fosse dado o nome de Gil di Joia a rua que dá acesso à entrada de Manguinho de Calheta São Miguel onde residia e onde terminou os seus dias, pois que, trata-se de uma figura simples sem duvida, mas, que foi marcante em Calheta São Miguel. Bem-haja.
Ad aeternum.
Tarrafal, 05 de Marco de 2021