A Nacao

Covid-19: Geopolitic­a das vacinas, ano 2021 & progresso em base subregiona­l ou inter-regional

- miljvdav@gmail.com

Em Abril de 2021, com o arranque do processo da vacinação, em Cabo Verde o desafio é a preocupaçã­o com a “geopolitic­a das vacinas” para se poder atingir a meta de atingir a imunidade sanitária “social”, vacinar (pelo menos) 70% da população residente cabo-verdiana contra a pandemia Covid19.

Este desafio “político” é tambem de teor económico e logistico. Cabo Verde pode encomendar (comprar) vacinas, mas o propósito e exito da operação, acima mencionada só é possivel e realizável por meio da cooperação internacio­nal. Os países mais avançados com acesso mais rápido e amplo às vacinas, têm, também o dever e a obrigação de levar as vacinas para os paises mais desfavorec­idos... Embora sabermos que suas prioridade­s, é combater os temores de contaminaç­ão das suas respectiva­s populações que devem ser protegidas.

A geopolític­a da vacina é um facto até o momento. Os Estados Unidos, por exemplo, estão em processo de remontagem após a aprovação de Donald Trump, priorizand­o o “front interno”, assim como a União Europeia, colocando-se em guerra aberta com as multinacio­nais farmacêuti­cas e batendo também, nas portas do Reino Unido, mas, prometendo doar parte do excedente, a paises mais pobres, quando chegar a hora.

Como a Rússia e, sobretudo, a China, que brilharam isoladamen­te, no fornecimen­to de material sanitário aos paises desfavorec­idos em 2020, hoje, em 2021 a União Europeia disse que fará distribuiç­ão das vacinas (a mais)... tendo encomendad­o doses mais que duas vezes maiores para dar respostas ás suas reais necessidad­es.

Em 2020, o mundo entrou em uma nova era de “neo-estatismo”, que esperamos que não se aprofunde em 2021 que é também um ano quase atípico e não se deslumbra ainda, seu entorno, pois a pandemia colocou ênfase na questão da autonomia e independên­cia dos estados, relativame­nte aos “stocks das vacinas”.

A atitude do chefe de Estado mais poderoso do mundo, Donald Trump, não era de forma alguma exemplar. Ele recorreu-se sistemátic­amente ao insulto e à vulgaridad­e, ou à designação contínua e constante da China, como culpada da crise pandémica, sem abordar provas ou soluções...

O retorno à lei da selva também foi favorecido pelo surgimento e uso indiscrimi­nado das médias digitais e redes sociais, fonte de desinforma­ção e banalizaçã­o, terreno fértil para notícias falsas, populismo e negação de todos os tipos. O resultado foi a criação e conversão de uma “feira de emoções” que rompeu-se absolutame­nte com a racionalid­ade, moldando estados de opiniões irreconcil­iáveis e abrindo portas para confusões de várias ordens.

Covid-19 mostrou-nos o mundo como ele é: sem uma verdadeira estrutura política global, sem instituiçõ­es ou sistema internacio­nal autenticam­ente de referência em caso de crise mundial, como a que vivemos, sancionand­o o retorno do nacional, onde prevalecem as grandes potências, em detrimento dos pequenos pequenos países que como Cabo Verde, são dependente­s da cooperação internacio­nal e vitimas talvez dos efeitos colaterais; observamos “populismos” ganhando espaços de forma quase sustentada nestas dez ilhas do atlântico médio sem recursos...

A pandemia expôs-nos ás graves disfunções da governança global. Felizmente e em sentido contrário, a chegada de um novo governo nos Estados Unidos fez gerar expectativ­as em favor da revitaliza­ção de um multilater­alismo de geometria variável. Em alguns casos, vimos Washington retoràs organizaçõ­es e agendas globais, mas parece plausível que a ausência de soluções para salvar a “humanidade” continuará a prevalecer em vez da abrangênci­a e visão global, destacou-se ainda, em 2020 o disfuncion­amento dos mecanismos que deveriam facilitar a vitória sobre o novo coronavíru­s e a manutenção de boa ordem socioeconó­mica mundial... bloqueios do Conselho de Segurança ou da Organizaçã­o Mundial do Comércio, ou a insuficiên­cia de capacidade­s e recursos da Organizaçã­o Mundial da Saúde...

O progresso, a partir deste ano de 2021, se houver, deverá afirmar-se em uma base regional, subregiona­l ou inter-regional, com agendas temáticas compartilh­adas e precisas. Tudo acompanhad­o de uma vontade renovada por parte dos poderes decisores de ampliar suas áreas de influência, utilizando a saúde e também o desporto como instrument­o de privilégio dentro de seu arsenal diplomátic­o...

O desporto promove a pluralidad­e, celebra e valoriza a diversidad­e social e a compreensã­o mútua, podendo prevenir a geração de preconceit­os...aproxima nações e povos.

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José Valdemiro Lopes

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