Stress anual
Apenas nove países estabelecem acordos de derrogação de normas de origens com a União Europeia e Cabo Verde é um deles. No caso deste arquipélago o acordo permite à Frescomar, a nossa maior empresa exportadora, comprar pescado de outras origens para a confecção dos seus produtos de conserva. Essa derrogação implica ainda a adopção de um conjunto de normas sanitárias e de conservação ambiental que Cabo Verde é obrigado a seguir.
Anualmente, ou seja, há 13 anos que empresa cabo-verdiana de transformação e conservação de pescado vem sendo confrontada com esta situação relativa à derrogação das normas de origens, tendo em conta que é obrigada a comprar pescado em embarcações fora da jurisdição cabo-verdiana e europeia para poder suprir as suas necessidades de exportação para o mercado europeu.
Com isso, anualmente, a Frescomar coloca o governo e o país em stress ameaçando despedir os trabalhadores caso não forma renovado o acordo de derrogação das normas de origens. Este assunto entra também, por altura da campanha eleitoral, na agenda política, pelos mesmos motivos.
Desta vez, o prazo foi alargado para três anos. Este tempo é referido como sendo suficiente para as autoridades cabo-verdianas tentarem resolver, definitivamente, o problema da frota nacional de pesca, capaz de garantir a matéria prima para que a Frescomar possa laborar sem stress.