Líderes dos Regionais temem quebra de ritmo após nova paragem das competições
As equipas do Rosariense, Tarrafal FC e Esperança FC, que lideram os respectivos Campeonatos Regionais temem uma eventual quebra do ritmo competitivo, devido a nova paragem das actividades desportivas, imposta pelo Estado de Calamidade. Apesar de aprovarem a medida governamental, os dirigentes destas três equipas defendem que poderia ser estudada uma solução, que não lesasse tanto a modalidade.
Aparagem das competições desportivas vai certamente originar uma quebra do ritmo competitivo das equipas nos Campeonato Regionais em curso no país. Um facto que os dirigentes de pelo menos três equipas que lideram os respectivos campeonatos temem, nomeadamente Rosariense (Santo Antão Norte), Tarrafal FC (Santo Antão Sul) e Esperança FC (Santiago Norte).
A medida, que ditou a interrupção das provas desportivas, consta da resolução que decreta a situação de calamidade em todas as ilhas do país, com excepção da Brava. A referida resolução foi anunciada no passado dia 30 de Abril, numa altura em que as diferentes provas regionais do
país entravam na sua recta final.
“Esta paragem impede-nos de treinar colectivamente, até porque todos os campos da região estão encerrados. A equipa do Esperança pode vir a sofrer com a quebra do ritmo competitivo, que vinha desde o início dos treinos em Janeiro passado. Estamos a sofrer um duro golpe nas nossas aspirações”, diz José Furtado, treinador do Esperança.
Assim como o Esperança na sua região desportiva, as contas estão bem favoráveis para o Rosariense e o Tarrafal. Em Santo Antão Norte e Santo Antão Sul, respectivamente, estas duas equipas lideram os Regionais.
Para o presidente do Tarrafal, Jailson Carvalho, em termos futebolísticos, uma paragem representa sempre uma quebra de ritmo e tem implicações na motivação dos jogadores.
“Pedimos aos atletas para individualmente manterem a sua preparação física, mas quando não se tem o treino de conjunto, isso vai se perdendo aos poucos. Parar um mês, implica uma nova pré-época. Gerir isso para os atletas é complicado”, diz esse responsável.
A mesma opinião é partilhada pelo presidente do Rosariense, Orlando Delgado. “O Campeonato já estava um bocado avançado e estávamos na liderança. Esta paragem tem sempre o seu peso, porque estávamos com um ritmo de treino, a equipa estava entrosada. A paragem vai refletir-se na forma dos próprios jogadores”, explica este dirigente desportivo.
Constrangimentos
Todas as fontes contactadas pelo A NAÇÃO dizem-se a favor do Estado de Calamidade, por ser algo pensado no bem-estar nacional. Entretanto acreditam que poderia ser adoptada alguma excepção que não prejudicasse tanto o futebol.
A equipa do Tarrafal FC é composta por atletas da mesma comunidade. Segundo o presidente do clube, Jailson Carvalho, trata-se de uma comunidade muito afectada pelo consumo de álcool por parte de jovens.
“Ter os atletas a treinar e competir treinos reduz consideravelmente o uso de álcool no Tarrafal. Creio que o desporto deveria ter um bocado mais de atenção. Deveríamos ter a capacidade para fazer alguns testes rápidos. Falta-nos duas jornadas para o final do campeonato. Creio que poderiam aguardar um pouco mais, porque estamos numa região onde os casos positivos estão num nível bastante baixo”, argumenta.
Por seu turno, José Furtado (Esperança) diz que a decisão da paragem das provas poderia perfeitamente ser discutida com as associações e federações, devido as particularidades e circunstâncias das competições.
“Antes de uma medida tão radical deveriam ter auscultado as instituições desportivas. Somos mais de mil envolvidos nas competições nesta região. O desporto faz parte da economia do país. Temos jogadores que estudam e não conseguimos pagar as propinas na totalidade, mas quando é possível desbloqueamos qualquer coisa par apoiá-los. Há restaurantes que proporcionam a alimentação nos fim-de-semana, transporte. Num fim-de-semana é uma média de 15 ou 16 contos que gastamos”, diz o treinador do Esperança.