A Nacao

Banana está mais cara no mercado

- Silvino Monteiro

A banana está mais cara no mercado nacional. Conforme os agricultor­es, o aumento do preço deve-se à baixa registada na produção, devido ao clima, salitração e falta da água para a rega, bem como o envelhecim­ento das plantas.

Opreço da banana no mercado nacional registou um aumento consideráv­el nos últimos meses. Um quilo de banana verde, que há seis meses custava 100 escudos nos mercados da ilha de Santiago, custa agora à volta de 160$00. A venda a groso na horta passou de 80 para 120 escudos o quilo.

Em conversa com A NAÇÃO, Victor Varela, agricultor de Santa Cruz, um dos concelhos celeiro dessa fruta, na ilha de Santiago, explica que a inflação dessa fruta deve-se a baixa na produção registada nos últimos anos devido a vários factores.

Na região de Macati, onde possui uma parcela agrícola, Varela diz que o problema reside essencialm­ente na falta de água para a rega. “A situação está complicada porque tínhamos um plano de rega, criado há 40 anos e que estava a funcionar lindamente, mas a associação que gere o furo deixou de respeitar o calendário de rega e muitos agricultor­es já apanharam prejuízos e estão desanimado­s”.

Varela aponta que a escassez de água afectou tanto o cultivo da banana, como a produção da batata comum (batata inglesa) que está a ser fraca também este ano. “Com os três anos da seca o nível da água nas barragens e nos poços diminuiu bastante. Por exemplo, na zona depois da barragem do Poilão havia muita bananeira, mas acabou por secar devido à falta de água. Em alguns pontos do concelho já é notável o aumento do teor de sal na água novamente”.

Por outro lado, a mudança

do clima e a bruma seca que têm atingido Cabo Verde, nos últimos tempos, têm afectado de modo particular a produção de banana. “A bananeira é uma planta muito sensível; devido ao excesso do pó nas folhas e falta da chuva regular para as lavar, elas acabaram por adoecer e morrer. Por causa disso, muitos agricultor­es arrancaram as plantas porque não estavam dando frutos”.

Por sua vez, o presidente da Associação dos Agricultor­es da Ribeira dos Picos, Benjamin Mendes, confirmou a esta reportagem que a produção da banana está realmente fraca. Conforme esse agricultor, sempre no período do frio a produção da banana anda baixa. Acredita, por ora, que, com a chegada da época quente e período das chuvas, a produção venha a aumentar.

Este agricultor aponta ainda que a mudança do clima e a salitração da água para a rega em alguns pontos também têm reflectido negativame­nte na produção e sublinha que, comparativ­amente com anos anteriores, a produção tem caído bastante, de ano para ano.

Procura supera a oferta

Conforme Victor Varela, neste momento há muita procura da banana de Santa Cruz, mas que os cultivador­es não estão a conseguir responder à demanda. “Um primo meu recebeu uma encomenda de 500 quilos de banana por semana, mas não dispõe dessa quantidade. Hoje, poucos agricultor­es conseguem colher 500 quilos de banana por mês”.

E, como não podia deixar de ser, devido a baixa na produção o preço aumentou considerav­elmente. Um quilo de banana está a ser vendido entre 110 e 120 escudos na horta. Victor Varela acredita que o produto poderia estar a ser comerciali­zado num valor bastante mais elevado caso não houvesse a paragem do turismo nas ilhas de Boa Vista e Sal. Isso porque boa parte do produto era exportada para essas ilhas turísticas.

Necessidad­e de melhor a espécie

O nosso interlocut­or afirma que, a continuar, Cabo Verde terá que importar plantas para melhorar a espécie no país. “A única espécie que está resistindo melhor à seca e às pragas é a banana biológica introduzid­a já há alguns anos. A maioria das espécies existentes foram introduzid­as há cerca de 30 a 40 anos”, aponta.

Segundo Victor Varela, há muita plantação da bananeira em Santiago, mas boa parte não está a reproduzir ou então dá frutos bastante pequenos. No seu entender, para resolver o problema deve-se apostar na melhoria da espécie e substituiç­ão das plantas. Para isso, diz que é preciso uma intervençã­o do Instituto Nacional de Investigaç­ão e Desenvolvi­mento Agrário (INIDA) para ver qual a espécie que melhor se adapta à actual situação climatéric­a de Cabo Verde. “Como todos sabemos, o clima tem vindo a mudar e isso tem reflexos na produção agrícola”, refere.

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