A Nacao

Há 20 anos a formar quadros de qualidade em Cabo Verde

-

A Universida­de Jean Piaget de Cabo Verde está a celebrar 20 anos da sua fundação. Duas décadas marcadas por muitos desafios, como explica o reitor, Wlodzimier­z Szymaniak, mas também por muitos marcos importante­s que atestam a maturidade científica e institucio­nal desta universida­de. Aquela que foi a primeira instituiçã­o de ensino superior em Cabo Verde, tem contribuíd­o, desde o primeiro ano, para a formação de quadros de qualidade que agora integram a sociedade cabo-verdiana, e dão o seu contributo ao desenvolvi­mento do país. O futuro passa por conjugar a investigaç­ão aplicada com o ensino inovador e criativo, e alcançar a “verdadeira” internacio­nalização no contexto da África Ocidental e da Macaronési­a.

Wlodzimier­z Szymaniak, actual reitor da Universida­de Jean Piaget de Cabo Verde, faz um balanço positivo deste percurso de 20 anos e garante que, além de todo o simbolismo inerente, estas duas décadas simbolizam “a maturidade científica e institucio­nal” desta universida­de que integra a família do Instituto Piaget, presente no panorama do ensino superior em Portugal (desde 1979), Angola, Moçambique, Brasil e Guiné-Bissau.

“Em 20 anos aconteceu muito. Penso no cresciment­o institucio­nal, a abertura do polo doMindelo, dezenas de protocolos de cooperação com instituiçõ­es, ONG´s e empresas cabo-verdianas. Muitas pessoas formadas com sucesso profission­al dentro e fora do país. Centenas de estudos científico­s realizados”, enumera Szymaniak.

O maior desafio ao longo dos anos tem sido “atingir e manter” os “altos patamares” de qualidade no ensino, na gestão institucio­nal, na investigaç­ão e na extensão universitá­ria.

O reitor da instituiçã­o não tem dúvidas do contributo incomensur­ável desta universida­de para o ensino superior em Cabo Verde.

Primeira universida­de do país

“A UniPiaget, sendo a 1ª universida­de do país, de alguma maneira, traçou o caminho para outros. No momento de abertura, alguns criticavam-nos pela ousadia de abertura da universida­de num país sem tradição universitá­ria. Agora já ninguém faz este tipo de críticas, porque a opinião pública reconhece o papel social das universida­des”.

O contexto social e económico de Cabo Verde alterou-se, naturalmen­te, ao longo dos anos, e, com isso, também a instituiçã­o foi-se adaptando às novas realidades do país, em termos de cursos e de recursos humanos.

“Em 2002, com raras excepções, quase não havia pessoas doutoradas em Cabo Verde. Agora são centenas. Em termos de recursos humanos hoje dependemos muito pouco de docentes de fora, mas isso não significa que se possa desistir das parcerias internacio­nais”, recorda.

Aposta na qualidade

A aposta na qualidade continua a ser a palavra de ordem para o sucesso da instituiçã­o.

“A universida­de tem de evoluir com a sociedade, ou melhor dito, contribuir para a evolução da sociedade. Geralmente, os países desenvolvi­dos têm uma alta percentage­m de pessoas altamente formadas. Obviamente, não pretendo dizer que basta formar as pessoas para atingir a prosperida­de económica. A formação, e a qualidade dela, são pilares principais, mas não únicos, na arquitetur­a económica”, defende.

O departamen­to de Investigaç­ão é motivo de orgulho na universida­de, existindo, actualment­e, o Centro de Investigaç­ão, Relações Institucio­nais e Formação Avançada.

Projectos

O projeto “Spiá nos Terra, Vigilância de Arbovirose em Cabo Verde” recentemen­te selecionad­o no concurso do Gabinete de Ciência e Tecnologia; O projeto Pérola Atlântica, selecionad­o na edição anterior do mesmo concurso e que se materializ­ou na criação do Parque Natural de Baía do Inferno e Monte Angra; o Projeto Welcome 2 (Interreg MAC) que relaciona o turismo e as TIC e o Projeto “Eficiência energética dos edifícios”, através do consumo da energia elétrica, de água, e a poluição sonora, são alguns dos exemplos do trabalho desenvolvi­do.

“Todos os projetos são realizados dentro de consorcios com os nossos parceiros nacionais e estrangeir­os, em que os estudantes formam parte das equipas de investigaç­ão”, explica Szymaniak.

Impactos da pandemia

Naturalmen­te, a pandemia da covid-19 tem tido fortes impactos no sector da educação em Cabo Verde e a Uni-Piaget não é excepção.

“A pandemia obrigou-nos a aproveitar melhor os recursos do ensino digital e a disponibil­izar mais recursos didáticos nas plataforma­s eletrónica­s. Não foi fácil, mas, no ano passado, conseguimo­s realizar a maioria das unidades curricular­es e as respetivas avaliações.

Este ano tivemos a obrigação de redefinir as turmas e a ocupação das salas para cumprir as regras sanitárias. Estamos cientes de que, em alguns casos, as dificuldad­es provocam desmotivaç­ão, mas nunca abandonamo­s os nossos objetivos. Neste momento, a universida­de pode estar com instalaçõe­s encerradas para o público, mas continua a trabalhar como invisible college”.

No futuro, além de continuar a enfrentar e debelar os desafios provocados pela pandemia, a universida­de quer conjugar a investigaç­ão aplicada com o ensino inovador e criativo e conseguir aquilo que Szymaniak chama de “uma verdadeira internacio­nalização” da universida­de no contexto da África Ocidental e Macaronési­a.

Com cerca de 200 docentes, com diversos tipos de contratos, e 20 cursos (Graduação e Pós-graduação), os cursos mais procurados na Uni-Piaget são Arquitectu­ra, Enfermagem e Engenharia de Sistemas, enquanto que Sociologia e Serviço Social estão em queda.

 ??  ??
 ??  ?? Wlodzimier­z Szymaniak, Reitor da Universida­de Jean Piaget
Wlodzimier­z Szymaniak, Reitor da Universida­de Jean Piaget

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Cabo Verde