A Nacao

Jovem luta para retomar apicultura

- Natalina Andrade

Apesar da seca prolongada, João Gomes Lomba vem lutando para implementa­r a apicultura no município de Santa Cruz, ilha de Santiago, rico em flora apícola. O projecto tem sido fomentado pela associação italiana Il Vercellese verso Santa Cruz com o intuito de resgatar uma actividade que teve lugar em Cabo Verde na década de 90.

João Gomes Lomba é um dos jovens que há dois anos trabalha na área, hoje com cerca de nove colmeias formadas.

Trata-se, segundo contou ao A NAÇÃO, de um processo longo, que exige dedicação e investimen­to, mas que acredita em médio e longo prazo.

“Santa Cruz é um município rico em termos de agricultur­a. Isso automatica­mente faz com que tenha potencial para a apicultura, pois uma coisa não funciona sem a outra. Estamos perante uma das maiores áreas verdes do país, principalm­ente no que diz respeito à flora apícola (planta que produz néctar)”, explicou, apontando as grandes plantações de bananeira, coqueiros e outras espécies fruteiras.

Secas prolongada­s

Entretanto, ressalvou, as secas prolongada­s fazem com o processo seja um pouco mais demorado, já que as abelhas alimentam e produzem consoante o que é recolhido da natureza.

Em épocas onde os alimentos naturais estão mais escassos, o apicultor recorre a suplemento­s alimentare­s, em forma de açúcar pasteuriza­do especialme­nte para o efeito ou de água de uma solução de açúcar feita em casa (1kg de açúcar para um litro de água).

A par dessa solução, o mel que é produzido ainda é aproveitad­o para a própria alimentaçã­o das colmeias.

“Por agora não há produção de mel para o comércio, pois ainda estamos na fase de fortalecer as famílias. Isso significa que o mel produzido é deixado com as abelhas para o seu próprio consumo”, explica o apicultor.

Processo de produção de mel e outros derivados

Para se fazer apicultura o primeiro passo é formar as famílias ou colmeias. Isto passa pela captura de famílias na vida selvagem.

“Em Cabo Verde todas as abelhas ainda são selvagens, a viver no meio ambiente, diferente, por exemplo, da Europa, onde as famílias já estão cativas nas mãos dos apicultore­s. Aqui está tudo ao contrário, então estamos a começar um processo que não é fácil, para formar famílias saudáveis e fortes”, explica.

Neste momento, o apicultor mantém nove famílias povoadas, com uma média de 40 mil abelhas cada uma. Um processo que, segundo diz, depende de muito trabalho, esforço, dedicação, estudo e investimen­to.

Depois de formadas as colmeias, com abelhas fortes e saudáveis, é hora de avançar para o processo de produção de mel e outros derivados. Normalment­e, diz João Lomba, as pessoas conhecem a apicultura apenas pelo mel de abelha, mas há outras potenciali­dades igualmente importante­s.

Própolis, geleia real e cera

Para além do mel, extrai-se o própolis, resina vegetal encontrada em várias plantas, cuja função na colmeia é protegê-la contra parasitas, bactérias e outros agentes contaminan­tes.

Para os humanos, é uma substância medicinal utilizada para combater fungos e bactérias e problemas de pele e sobre a qual o apicultor também tem um projecto em desenvolvi­mento voltado para a produção de medicament­os naturais.

A geleia real, outro derivado, é fabricada pela própria abelha e serve de alimento para as crias, nos primeiros dias de vida, e para a abelha rainha, por toda a vida, pois precisa de energia para continuar reproduzin­do e perpetuand­o a colmeia.

Extrai-se ainda a cera, substância recolhida nas plantas para a formação de favos para o armazename­nto do mel e matéria prima para a produção de medicament­os e cosméticos.

A própria picada da abelha, diz o apicultor, tem vantagens para a saúde, salvo em pessoas que são alérgicas.

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