Sindicato espera “rigor” no cumprimento da lei
Cerca de 40% dos pilotos da TACV/CVA vão ser despedidos (ou dispensados, como prefere designar a companhia). A medida, mal-aceite no seio da classe, deve abranger perto de 18 pilotos, especialmente aqueles que se encontram em idade de pré-reforma e os contratados mais recentemente, antes da pandemia. O Sindicato espera “rigor” no cumprimento da lei.
Oque este semanário já vinha dando conta ao longo de várias edições, confirmou-se. A TACV/CVA vai mesmo reduzir o número de pessoal. Este fim de semana, parte dos visados foram informados através do presidente do Sindicato Nacional de Pilotos da Aviação Civil (SNPAC), Paulo Lima, da intenção da empresa em despedir 40% dos pilotos da companhia.
A reunião, segundo Lima, juntou staff dos recursos humanos, representantes da administração da empresa e o director das operações de voo, Antolívio Martins.
“Foi uma reunião a título informativo, para comunicar as intenções
da companhia em reduzir 40% o número de pilotos da companhia. Eles alegam que não é despedimento, mas sim redução de pessoal, porque vão acordar termos de para um programa de pré-reforma”, explicou o sindicalista ao A NAÇÃO.
Paulo Lima elucida ainda que foi informado que esta “redução de pessoal” se prende com os impactos negativos da pandemia da covid-19 e com a inevitável “redução do volume de negócios”, conforme explicou, inclusive, este fim de semana, numa carta enviada aos pilotos. É que dos quatro aviões com que a TACV/CVA operava, vai reduzir agora a frota para metade.
Lima informa ainda que questionou os representantes da companhia sobre como é que se “pretende efectuar tal manobra”, ou seja, levar adiante a redução de 40% dos pilotos, dizendo que lhe foi respondido “que se quer provocar um menor impacto social possível”.
Programa de pré-reforma
Os requisitos, apresentados pela administração da companhia, para implementar o plano de redução de pessoal, irão afec
tar os “pilotos próximos da idade de reforma” e os “pilotos recém-contratados (exceção para aqueles que ocupam cargos de chefia)”.
Conforme comunicou o sindicalista, haverá também um “programa de reforma antecipada”, com os termos a serem apresentados “posteriormente”. Segundo apurado por esta reportagem, são cerca de seis os pilotos em idade de pré-reforma. Inclusive, tentamos chegar a fala com alguns, que inicialmente se mostraram disponíveis, mas que depois voltaram atrás, talvez dado o grau de apreensão vivido entre a classe.
No entanto, segundo fontes do A NAÇÃO, a decisão de reduzir em 40% o número de pilotos, apesar de não ser de todo uma surpresa, veio agudizar a “guerra” entre os pilotos e a própria administração da empresa.
É que, de um lado estão os pilotos mais antigos, com mais anos de casa, e alguns em idade de pré-reforma, e, do outro lado, os pilotos mais novos que vieram da Binter, inclusive alguns que ocupam cargos de chefia e, por isso, não serão abrangidos pela medida que excluiu essa os trabalhadores em cargos de chefia.
Paulo Lima admite o mal-estar vivido entre a classe que defende, e a administração da empresa, e alega que, “talvez, a companhia esteja a querer proteger alguns pilotos, em detrimento daqueles que têm mais anos de casa”. É que, como esclarece, “alguns pilotos que entraram recentemente foram logo protegidos com cargos de chefia”.
Pilotos protegidos
Aquela fonte diz que o próprio Sindicato tem a função de “mediar” a situação, encontrando-se agora numa situação “ingrata” e que nisso é preciso haver “bom senso” na gestão do dossiê. Portanto, como alega, “tudo vai depender dos termos acordados para a pré-reforma e se os pilotos em causa aceitarão, ou não”.
Lima confessa que a classe está “apreensiva”, embora, já estivesse à espera “desse desfecho”. Agora, alerta que é fundamental que a administração “haja de acordo com a lei e o código laboral”. Até, porque, de uma forma geral, independentemente da redução de pessoal, “há questões pendentes, conflitos entre pilotos e administração que há muito temos vindo a reclamar”, finaliza, esperando agora “rigor” no cumprimento da lei por parte da companhia.
A NAÇÃO tentou apurar, junto do sindicato dos tripulantes de cabine, se já há informações relativamente a despedimentos nesta classe, mas sem sucesso. Segundo uma fonte do sector, “é muito provável que isso venha acontecer também, pois, agora, com apenas dois aviões ficaram com hospedeiras de bordo a mais, tal como acontece com os pilotos”.