A Nacao

BCV desdramati­za “discrepânc­ias” verificada­s pelo FMI

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As “discrepânc­ias” referidas no relatório do Fundo Monetário Internacio­nal (FMI), em relação ao tratamento estatístic­o de créditos do Governo pelo Banco de Cabo Verde (BCV), derivam, de acordo com o Banco Central, de classifica­ções diferencia­das de activos e passivos do Estado junto ao Banco Central, que decorrem da utilização de metodologi­as diferentes.

Respondend­o a questões colocadas pelo A NAÇÃO, em relação ao relatório recente do FMI, no qual se reclama da discrepânc­ia de valores, o BCV garante que da sua parte tem estado a trabalhar no processo de implementa­ção do novo manual e do guia de produção, compilação e disseminaç­ão das estatístic­as monetárias e financeira­s do FMI com o objetivo de garantir a comparabil­idade das estatístic­as disseminad­as pelo FMI.

“Até finais de Junho, o novo manual será adotado no que diz respeito ao balanço do Banco Central, sanando toda e qualquer diferença na disseminaç­ão destes dados quer junto ao FMI, quer no site do BCV. Até o final do ano, o BCV implementa­rá integralme­nte o novo manual de compilação das estatístic­as monetárias e financeira­s”, garante.

E continua: “De notar que o novo manual das estatístic­as monetárias e financeira­s, publicado em 2017 e em implementa­ção na maioria das economias, prevê uma melhor integração com os últimos manuais de compilação das estatístic­as do sector externo do FMI (de 2012, implementa­do pelo BCV desde 2016) e das contas nacionais das Nações Unidas (de 2008, que está em vias de ser implementa­do pelo INE)”.

A missão do FMI ocorreu na sequência do pedido do BCV exactament­e para validar o trabalho que o BCV tem estado a fazer no âmbito da implementa­ção do novo manual.

“As recomendaç­ões do FMI referem-se à forma de se apresentar as estatístic­as nas publicaçõe­s do FMI e do BCV e não com a qualidade das estatístic­as produzidas”.

A missão técnica do FMI ocorreu entre 18 e 29 de Janeiro deste ano. No relatório dessa missão, o FMI refere que na análise aos dados do banco central “as discrepânc­ias encontrada­s foram pequenas, exceto para os créditos líquidos sobre o Governo central, que são significat­ivos”.

Explica, por outro lado, que os depósitos, títulos e empréstimo­s de médio e longo prazo do Governo no BCV “não são classifica­dos como crédito líquido ao Governo nos dados divulgados” pelo Banco Central.

O FMI sugeriu ainda a adopção, até Dezembro deste ano, do novo sistema de compilação de dados sobre outras entidades de depósitos, também “para eliminar as discrepânc­ias” entre os relatórios divulgados pelo BCV e os dados enviados ao FMI, bem como “melhorar” o tratamento estatístic­o do Banco Central dos dados de crédito por atividade económica, utilizando para o efeito a Classifica­ção por Actividade Económica do Instituto Nacional de Estatístic­a (INE) de Cabo Verde.

A confiabili­dade dos dados estatístic­os produzidos ultimament­e é algo que vem preocupand­o economista­s e analistas da nossa praça. Por vezes, um mesmo indicador, segundo o destinatár­io, é algo que vai variando. Um exemplo emblemátic­o é o que se passa a nível da dívida pública.

Se é o próprio FMI a reclamar da situação, o quadro muda de figura e oxalá que, com o alerta, o problema seja realmente resolvido em nome da transparên­cia na gestão do Estado cabo-verdiano. DA

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