Cabo Verde sob pressão para libertar Saab
Alex Saab foi detido pela Interpol e pelas autoridades cabo-verdianas a 12 de Junho de 2020, no aeroporto internacional da ilha do Sal, quando o seu avião fez uma paragem para reabastecimento. Esse empresário, tido como testa-de-ferro do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, estaria em viagem entre o Irão e a Venezuela.
Segundo Caracas, o empresário viajava como “enviado especial” da Venezuela ao Irão com o objetivo de facilitar a obtenção de medicamentos, alimentos e outros bens.
Saab é acusado pela justiça dos EUA de ter branqueado 350 milhões de dólares para alegadamente pagar actos corruptos de Maduro através do sistema financeiro norte-americano.
O empresário era procurado há já vários anos e em 2019 foi indiciado por procuradores federais em Miami, EUA, por acusações de lavagem de dinheiro relacionadas com um suposto esquema de suborno para desenvolver moradias de baixa renda para o governo venezuelano.
Segundo o acórdão, Saab é acusado de oito crimes, sendo um de “conspiração para cometer lavagem de dinheiro” e sete de “lavagem de instrumentos monetários”.
Os EUA formalizaram o pedido de extradição de Alex Saab nos primeiros dias de Julho de 2020. O processo teve início na Procuradoria-Geral da República (PGR) e seguiu depois para duas fases: uma administrativa e uma judicial.
O Tribunal de Justiça da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) ordenou a 15 de Março a “libertação imediata” de Alex Saab, por violação dos direitos humanos, instando as autoridades cabo-verdianas a pararem a extradição para os EUA.
Contudo, dois dias depois, o Supremo Tribunal de Justiça autorizou a extradição de Alex Saab para os EUA, rejeitando o recurso da defesa, decisão que não chegou a transitar em julgado, com o recurso da defesa para o Constitucional, que aguarda decisão.
Alex Saab esteve em prisão preventiva até Janeiro, quando passou ao regime de prisão domiciliária na ilha do Sal, sob fortes medidas de segurança.
Desde que Alex Saab foi preso, além de actuar junto dos tribunais cabo-verdianos, a defesa desse empresário cabo-verdiano, financiada pelo governo da Venezuela e que conta com o ex-juiz espanhol Rafael Garzon, tem protagonizado na comunicação social e não só várias acções que são interpretadas como formas ilegítimas de pressão sobre a justiça cabo-verdiana.
Na semana passada, a entrada em cena de um alegado bispo cabo-verdiano, Filipe Teixeira, vindo dos EUA, para pedir a libertação de Alex Saab foi mais um desses episódios. Através do bispo do Mindelo, D. Ildo Fortes, a Igreja Católica, demarcou-se da iniciativa do referido “bispo”, com passagens por Angola, de onde terá sido expulso do seminário católico.