Incompetência , arrogância e irresponsabilidade levam MPD a formar um Governo obeso e ineficiente
Na situação em que Cabo Verde se encontra a formação de um governo com 28 membros significa abuso do poder, da autoridade, deslealdade para com a situação difícil por que passa Cabo Verde e desprezo total para com as populações desempregadas e pessoas que vivem em situações, verdadeiramente, dramática
Cabo Verde, país com menos de seiscentos mil habitantes, atravessando uma crise sanitária, econômica e social sem precedentes com a queda de crescimento da economia em 14,8%; dívida pública em mais de 150% do PIB; cerca de 20.000 pessoas perderam o emprego, 21.000 não exercem nenhuma atividade e mais de 20% da população estão no desemprego.
A atividade turística caiu à pique, em mais de 70%, tendo a pobreza e a desigualdade social aumentados, colocando Cabo Verde no renque dos países, a nível mundial, mais afetados pela pandemia da COVID-19, com forte impacto na economia e, naturalmente, na vida das suas populações.
Como se isso não bastasse, de forma narcísica e arrogante (sabe-se lá por que motivos), aos cabo-verdianos foi imposto um Governo, extraordinariamente, obeso e incompreensível, de 28 membros, a avaliar pelo contexto em que o país atravessa, desperdiçando recursos dos contribuintes que, ao invés de alimentar os caprichos e interesses ocultos dos governantes, deviam ser encaminhados para acudir as pessoas que vivem em situações de verdadeira penúria social e com dificuldades de sobrevivência.
É nosso entendimento, em nome de uma gestão racional e da ética republicana que nesta conjuntura, por que vivemos, o país pode ser, perfeitamente, governado, de forma responsável, com apenas 15 Membros do Governo, cujo elenco poderia ser constituído, para além do Prim eiro Ministro, dos seguintes Ministérios:
Ministério das Finanças; Ministério da Família, Inclusão e Desenvilvimento Social; Ministério da Presidência do Conselho de Ministros e Assuntos Parlamentares, Defesa e Descentralização; Ministério dos Negócios Estrangeiros, Cooperação, Integração Regional e Comunidades; Ministério da Justiça e Administração Interna; Ministério da Educação e Ensino Superior; Ministério da Saúde; Ministério da Modernização do Estado e Administração Pública; Ministério da Cultura, Indústrias Criativas, Juventude, Desporto e Comunicação Social; Ministério do Mar, Turismo e Transportes; Ministério da Agrucultura e Ambiente; Ministério da Indústria, Comércio e Energia e Ministério das Infraestruturas, Ordenamento do Território e Habilitação.
Deste modo, todas as secretarias de Estado seriam dispensáveis e para os substituírem seriam reforçadas competências e recursos às direcções-gerais. Portanto, contas feitas, com um governo composto por 15 membros, incluindo o Primeiro-ministro, o Estado de Cabo Verde pouparia cerca de 250 milhões de escudos por ano, valores que podiam ser canalizados para as pessoas que estão no desemprego e as mais vulneráveis.
Na situação em que Cabo Verde se encontra a formação de um governo com 28 membros significa abuso do poder, da autoridade, deslealdade para com a situação difícil por que passa Cabo Verde e desprezo total para com as populações desempregadas e pessoas que vivem em situações, verdadeiramente, dramática.
Por outro lado, as várias secretarias de Estado criadas para satisfação de outros gostos, poderão resultar-se num conflito de competências entre os Ministros e os Secretários de Estado, por um lado e entre esses e os Diretores Gerais, por outro. A título de exemplo, qual o papel do Diretor Nacional de Saúde, nesta nova composição do governo, com a criação de mais um Posto entre o Ministro da Saúde e o Diretor Geral? Não há dúvidas que haverá conflitos de competências, que poderão perigar a gestão governativa.
Por isso, não se compreende a anuência do PR, com a nomeação deste Governo obeso e que se afigura ineficiente, desde logo, nesta fase dificílimo do processo de desenvolvimento de Cabo Verde.
*Ex-deputado da Nação