A Nacao

Guia de Turismo cria roteiro para revelar Santo Antão aos santantone­ses

- Ricénio Lima

Um guia turístico voltado para Santo Antão, ou seja, a pensar nas gentes da própria ilha. A ideia é do guia de turismo Ailton Silva, que, em alternativ­a ao turismo de estrangeir­os, resolveu criar um roteiro para a clientela local.

Acovid-19 fez com que profission­ais de todas as áreas se adaptassem à nova realidade. Os guias de turismo em Santo Antão têm se adaptado frequentem­ente para fazer face à drástica queda do turismo internacio­nal.

Ao ficar sem trabalho, Ailton Silva viu no mercado nacional e local um escape, mesmo que fraco. Este guia de turismo tem promovido um roteiro pela Ilha das Montanhas destinado aos nativos que, muitas vezes, não conhecem a própria ilha onde nasceram ou vivem.

“Há aspectos de Santo Antão que são desconheci­dos pelos próprios nativos e notamos no terreno que as pessoas conhecem muito pouco da ilha, o que não deixa de ser normal. A melhor forma de conhecer a ilha é a pé e temos organizado algumas caminhadas”, adianta.

Em grupos de no máximo 14 pessoas, Ailton Silva tem se aventurado entre a natureza de Santo Antão, mostrando cantos e recantos, bem como a biodiversi­dade da ilha aos curiosos, aventureir­os e amantes da natureza.

“Roteiro SA”

O pacote do “Roteiro SA”, nome da iniciativa, engloba transporte, alimentaçã­o e uma “boa dose” de adrenalina entre as montanhas.

“É uma forma de juntar o útil ao agradável, dar oportunida­de de conhecer a ilha e de fazer trocas de experiênci­a com os participan­tes”, reconhece o guia.

Preocupaçã­o ambiental

Este profission­al sente-se orgulhoso pela iniciativa e pelo retorno que tem vindo a ter, mas fica mais feliz por, através do turismo, proporcion­ar, de certa forma, alguma educação ambiental aos seus conterrâne­os e clientes.

“Quando as pessoas conhecem melhor a ilha, as suas vertentes, a sua natureza e biodiversi­dade, passam a preservar e valorizar o que nós temos, principalm­ente os aspectos culturais e ambientais como, por exemplo, as nossas plantas endémicas, algumas em risco de extinção. O turismo também educa para preservar”, entende o entrevista­do do A NAÇÃO.

Apesar do guia estar a adorar a experiênci­a com nacionais, o turismo com os regionais não se compara ao fluxo e poder do mercado internacio­nal. Tanto é que as receitas conseguida­s com o projeto não são significat­ivas, como adianta, se comparado com o mercado antes da pandemia.

“Para os nacionais só acontece nos fins-de-semana, porque normalment­e os participan­tes trabalham e isso pode ser uma das limitações em termos de ganhos, já que o poder aquisitivo dos nacionais é menor do que dos estrangeir­os”, lamenta.

Entretanto, este profission­al do turismo não se apega a números e nem em receitas, quando tem à sua disposição, todos os dias, uma riqueza natural de elevado valor, a biodiversi­dade e a cultura da Ilha das Montanhas. E quer dar a conhecer esse património a quem quiser deixar-se levar por ele.

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Ailton Silva
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