PN a braços com mais um caso de “polícia-ladrão”
Um agente da Polícia Nacional (PN) suspeito de ter assaltado uma residência no bairro de Safende, na Praia, foi detido pelos próprios colegas da corporação. O agente foi baleado numa perna quando tentava escapar da perseguição de populares e elementos da PN chamados ao local. O agente em causa havia sido já denunciado, em 2017, por assalto a residências na Praia.
OComando Regional da Polícia Nacional de Santiago Sul e Maio deteve na segunda-feira, 14, um agente suspeito de ter assaltado, com recurso a arma de fogo, uma residência em Safende.
O meliante, de nome Bernardino Barreto Monteiro, foi flagrado pelos moradores que prontamente chamaram a PN, através do 132.
Em comunicado público, a PN avança que um piquete se deslocou ao local no sentido de interceptar o suspeito que já se encontrava em fuga.
De acordo com a mesma fonte, quando chegaram ao local, os agentes deparam-se com um grupo de cidadãos em perseguição do suspeito que se encontrava encapuzado e na posse de uma arma de fogo.
Conforme a PN, face à resistência, o suspeito em fuga teve de ser alvejado com um tiro numa perna mas, mesmo assim, continuou em fuga e só foi interceptado e preso pelos agentes da PN mais adiante.
Uma vez imobilizado, e para surpresa de todos os presentes, quando foi-lhe retirado o capuz, aperceberam-se que se tratava de um agente da PN. Detido, o mesmo foi conduzido ao Hospital Agostinho Neto para cuidados médicos.
A PN informa que assim que, estiver fora de perigo, o referido indivíduo vai ser apresentado ao poder judicial para a legalização da detenção e primeiro interrogatório judicial, visando a aplicação das correspondentes medidas de coacção.
Culpa no cartório: assalto a residências em 2017
O agente da Polícia Nacional detido no passado dia 14, de nome Bernardino Barreto Monteiro, é um dos três agentes que já havia sido denunciado, em Setembro de 2017, por assalto a residências na cidade da Praia, nomeadamente a Casa de Ouro.
Na altura, o site do A NAÇÃO reportara que a Polícia Judiciária estava a investigar três agentes da PN, sendo dois deles elementos da Brigada de Investigação Criminal (BIC) e um outro da Polícia Fiscal, por suspeitas de assaltos a residências. Isto porque os referidos agentes da PN teriam sido filmados por câmaras de vigilância durante um assalto numa das residências.
A notícia foi confirmada pelo ministro da Administração Interna, Paulo Rocha, que disse na altura que o caso não punha em causa “a imagem da Polícia Nacional”.
Conforme avança o online Santiago Magazine, o ora flagrado desta segunda-feira é um dos dois então elementos da BIC de 2017. O mesmo foi transferido na época para a Esquadra da Piquete na Achada de Santo António, mas hoje está afecto à Esquadra da Cidade Velha, na Ribeira Grande de Santiago.
A mesma fonte acrescenta que o indivíduo em causa fora enviado de Portugal por familiares por causa de seus “comportamentos desviantes”.
Outros casos
Em Setembro de 2019, um outro agente tinha sido “apanhado” também, por uma câmara de vigilância, em suposto assalto contra pessoas nas proximidades da placa desportiva de Bela Vista.
Após a apresentação de queixa por roubo contra essa pessoa e accionado o apoio do Centro de Comando, constatou-se, via câmara de vigilância, que o assalto foi perpetrado por um efectivo da PN que na altura trabalhava na Esquadra de São Filipe, na Praia.
Em Dezembro de 2017 um agente de segunda classe da PN esteve também envolvido no assalto à agência do Banco Caboverdiano de Negócios (BCN), na ilha da Boa Vista.
Estes são alguns dos casos que se levantam à volta do processo de selecção para se ingressar na Polícia Nacional, e não só. Não sendo a primeira vez que elementos dessa corporação são apanhados em flagrante, a pergunta é quantos mais “polícias-ladrões” terá a PN no seu seio.