A Nacao

Eco-Centro de são domingos prepara-se para explorar turismo interno

- Natalina Andrade

O Centro de Promoção Ecológica de São Domingos tornou-se, nos últimos anos, um ponto obrigatóri­o para os turistas que passam pela estrada que liga Santiago Sul a Santiago Norte. Entretanto, com a pandemia que afecta o país há sensivelme­nte um ano e meio, o espaço viu uma das suas principais fontes de renda paralisada. Neste momento prepara-se para uma nova largada, agora com foco no turismo interno e na criação de um jardim botânico.

Oespaço agrega vários componente­s da nossa biodiversi­dade de fauna e flora e vem introduzin­do, para além de espécies melhoradas, várias novidades importadas de outros países.

No que toca à botânica, oferece uma vasta diversidad­e de plantas e árvores ornamentai­s, mas também de espécies frutíferas.

O seu foco é a divulgação, reprodução, preservaçã­o e conserDent­ro vação de espécies, com uma forte vertente educaciona­l voltada para questões ambientais, segundo conta o proprietár­io, José Filomeno Ferreira de Carvalho, mais conhecido como Zeca de São Domingos.

“Temos aqui toda uma gama de biodiversi­dade e estamos a caminhar fortemente para um jardim botânico. Já temos um número bastante elevado de tudo aquilo que é das nossas

ilhas e vamos introduzin­do novas espécies”, explicou.

Para além do turismo, que faz parte da génese de criação do espaço, as visitas de estudo são muito frequentes, tendo em conta a vasta diversidad­e encontrada. Pese embora, com a pandemia, essas visitas caíram considerav­elmente. “Ainda assim, em datas comemorati­vas, como o Dia Mundial do Ambiente ou Dia Mundial da Água recebemos aqui alunos de várias escolas”, declarou José Filomeno.

Botânica

No ramo da botânica o centro oferece um pouco de tudo. Mantém um viveiro com plantas ornamentai­s para comércio, através do qual garante a sustentabi­lidade do espaço. Mas há também frutíferas e várias espécies endémicas.

de duas semanas, garantiu o proprietár­io, o centro deve receber mudas de coqueiro anão provenient­es do Brasil, numa tentativa de reintroduz­ir a espécie no país. “Será a nossa contribuiç­ão para a divulgação de uma espécie que curiosamen­te chegou ao Brasil através de Cabo Verde. O coco hoje tem um certo peso mesmo no PIB e no agronegóci­o brasileiro, e nós hoje mal temos coco. Ou seja, estamos

a reintroduz­ir agora uma espécie melhorada do coco verde anão”, explicou, avançando ainda que, para os próximos tempos, devem receber também algumas mudas cítricas para divulgação das espécies, assim como de mangueiras, não só para o centro, mas para fomentar novas espécies e variedades no país.

Para José Filomeno, “é uma vergonha ir a uma loja e encontrar um kg de limão por 400 escudos quando temos condições e clima propício para a produção de limão”, portanto, é neste sentido que deseja introduzir novas espécies na flora nacional.

Fauna

Para além da botânica, José Filomeno mantém um mini zoológico, com várias espécies de animais. “Desde os grandes ruminantes como o burro, o boi, o cavalo, carneiro e cabra, até aves, suinicultu­ra, cunicultur­a, entre outros”, especifica.

Há aves para reprodução e alimentaçã­o humana e há também aves exóticas. Na área da suinicultu­ra há também espécies melhoradas para reprodução e comércio. “Essa é uma vertente que estamos a pensar em alargar e criar um mini zoológico, bastante apreciado pela criançada”, anuncia.

Tecnologia amiga do ambiente

Enquanto centro de promoção de boas práticas ambientais, o visitante pode encontrar uma série de criações e soluções inteligent­es para eliminar ou diminuir os impactos nefastos da ação humana no meio ambiente.

Para além da utilização racional da água, encontram-se algumas “tecnologia­s amigas do ambiente”, desde a geração de energia fotovoltai­ca e eólica, até a utilização racional da biomassa. “Ou seja, a utilização de lenha de forma sustentáve­l, através de fogões melhorados e fornos eco-eficientes, tudo no sentido de que quanto menor for a utilização de lenha, menor será a pressão sobre a floresta e o ambiente acaba sempre por agradecer”, como explica o responsáve­l.

Outra criação é um fogão solar, que funciona como um concentrad­or solar e torna possível cozinhar alimentos com recurso apenas aos raios solares. Há também defumadore­s que auxiliam na conservaçã­o de alimentos através do sistema de defumação.

No centro a produção de lixo é bastante reduzida, graças ao aproveitam­ento de tudo o que é orgânico, através da compostage­m e da biodigestã­o de excremento­s de animais, transforma­dos em gás metano.

“Para nós tudo o que é orgânico não é lixo, desde as folhas secas, restos de cozinha e dejetos de animais”, explica, apontando que o centro segue os princípios do químico francês Antoine-Laurent Lavoisier: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.

Aposta no turismo nacional

A pandemia da covid-19 quebrou o ciclo de turismo que já fluía no eco-centro e fez o proprietár­io considerar a promoção do turismo interno. Embora esperanços­o de que as coisas podem voltar ao normal em breve, José Filomeno decidiu fazer uma aposta forte no turismo local e nacional.

Neste momento passa por uma transforma­ção de parte do espaço em jardim botânico, já que, segundo diz, “tem, de longe, mais diversidad­e e melhor organizaçã­o do que o único jardim botânico nacional”, no mesmo município.

“O próximo passo é a classifica­ção de todas as espécies e a criação de roteiros internos para captar o turismo interno e arrecadar alguma renda, no sentido de melhorar a sustentabi­lidade, pois, para além daquilo que geramos aqui não temos nenhuma outra fonte de renda”, adiantou.

Aliás, mais uma vez, se não fosse a pandemia a desacelera­r o processo, as obras para a construção de bangalós para acolhiment­o de turistas já estariam concluídas. “Neste momento estamos a dar acabamento ao primeiro bangaló e vamos construind­o outros aos poucos, pois já temos sinais de alguma procura mesmo para o turismo interno. É uma opção para quem quer sair da cidade e passar um final de semana diferente no campo”, explicou.

 ??  ??
 ??  ??
 ??  ?? José Filomeno
José Filomeno
 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Cabo Verde