A Nacao

Fitch considera Cabo Verde à beira da insolvênci­a

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O“rating” de Cabo Verde baixou para B-. Mais do que isso, considera que, relativame­nte ao rating de insolvênci­a do emissor (IDR) de longo prazo, em moeda estrangeir­a, em B- “com perspectiv­a estável”.

O relatório dessa agência de notação financeira, publicado na semana passada, diz que a dívida pública de Cabo Verde deverá aumentar bruscament­e para 157,1% em 2020, bem acima da média de 52% dos países soberanos a que a agência de notação financeira dá o rating de B. Contudo, prevê uma redução para 150% em 2021.

A Fitch prevê que o cresciment­o alcance 5,5% em 2021 e 6,4% em 2022, após uma contração de 14,8% em 2020. Projeta que o défice fiscal permaneça alto, em 10% do PIB em 2021, ante 9,1% em 2020 e acima da média ‘B’ de 6,2%.

“Os riscos de baixa para as perspectiv­as fiscais derivam de uma fraqueza económica mais prolongada que pesa sobre as receitas do Governo. Por outro lado, a execução dos gastos, principalm­ente em termos de gastos de capital, poderia aliviar as necessidad­es de financiame­nto fiscal, especialme­nte no período pós-eleitoral, à medida que o governo desenvolve seu programa económico”, realça.

A Fitch estima que as necessidad­es brutas de financiame­nto do Governo (défice mais amortizaçõ­es da dívida e gastos) chegarão a 18,1% do PIB em 2021. “Uma combinação de emissão no mercado interno (6,3% do PIB bruto e 3% do PIB líquido em linha com o atual limite legal), o financiame­nto externo de credores oficiais e o alívio da dívida por meio da Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI; 1,8% do PIB) atenderão às necessidad­es do Governo”.

A agência de notação financeira lembra que Cabo Verde concluiu o programa Instrument­o de Coordenaçã­o de Políticas (PCI) com o FMI no início de 2021, realçando que “o país tem um longo histórico de receber forte apoio técnico e financeiro de credores oficiais. No entanto, a disponibil­idade de financiame­nto externo em termos concession­ais também diminuirá com a transição de Cabo Verde para o estatuto de rendimento médio”.

A dívida bruta do Governo subiu para 155% do PIB em 2020 e é a terceira mais alta entre os soberanos com classifica­ção de sub-investimen­to com classifica­ção da Fitch.

“A elevada proporção de credores multilater­ais e bilaterais oficiais (73% da dívida externa) contribui para um serviço da dívida externa relativame­nte baixo (6,7% das receitas externas correntes (CXR) em comparação com uma mediana ‘B’ de 19,5% em 2021) e uma a longo prazo médio de 20 anos. Projetamos um aumento da dívida acima de 156% do PIB em 2021, antes de cair gradualmen­te para 151% em 2022 e 129% até 2026, mantendo altos riscos para a sustentabi­lidade da dívida”.

Conforme o documento, os passivos contingent­es do governo também são altos. O passivo total das empresas públicas foi estimado em 49,1% do PIB no final de 2018, incluindo 2,4% do PIB devido ao Governo e 6,8% em garantias governamen­tais.

“As garantias do governo aumentaram para 10,5% em 2020 (7,9% em 2019), refletindo principalm­ente o apoio à Cabo Verde Airlines, parcialmen­te privatizad­a em 2019. O Governo também forneceu garantias parciais para apoiar o acesso das empresas locais ao crédito durante a pandemia”, continua.

“Um elevado défice externo, a lenta retomada do investimen­to directo estrangeir­o e as necessidad­es fiscais do Governo manterão um alto nível de endividame­nto externo”, realça a Fitch, para sublinhar: “A dívida externa líquida saltou para 74% do PIB em 2020, mais do que o dobro dos 33% da mediana ‹B›. Apesar do aumento da vulnerabil­idade externa, a cobertura das reservas internacio­nais (6,5 meses de pagamentos externos correntes (CXP) em 2021) e a liquidez externa (241%) permanecer­ão mais fortes do que seus pares”.

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