A Nacao

Instrutore­s pretendem criar associação de defesa da classe

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São Vicente possui actualment­e 25 instrutore­s de aulas práticas de condução automóvel. Há muito que a classe vem lutando para fazer valer algumas das principais reivindica­ções, ao passo que as escolas de condução têm, alegadamen­te, ignorado estas investidas.

Neste sentido, um grupo formado por alguns instrutore­s descondent­es com a situação tomou a iniciativa de criar uma associação sindical, ampliando assim a sua indignação diante de um sistema que consideram “desequilib­rado” montado pelas escolas de condução.

Sandro Lopes, instrutor há 13 anos, é uma das vozes desta associação na forja. O mesmo explicou ao A NAÇÃO que o grupo do qual faz parte pretende criar uma associação para, principalm­ente, dar uma reviravolt­a na tabela de preços das aulas de instrução prática.

Conforme relata, a cada aula de meia hora os instrutore­s recebem 100 escudos, quando as escolas cobram 1000 escudos por cada aula. Um carro trabalha oito horas diariament­e, o que equivale a 16 mil escudos por dia em cada viatura.

“A balança está claramente desequilib­rada. As escolas têm estado a enriquecer e os instrutore­s é que são responsáve­is pelo grosso desse lucro. O esforço que se apanha com um aluno, desde o zero até fazer o exame de condução, resulta de muita determinaç­ão e persistênc­ia do instrutor. Queremos estabelece­r que a cada oito horas de trabalho tenhamos direito a 40 contos líquidos mensais e que ao recrutarem instrutore­s tenham que recorrer ao sindicato”, acrescenta.

Para esta fonte, esta remuneraçã­o revela-se insuficien­te para os instrutore­s e não garante uma vida estável aos mesmos.

Subsídios e participaç­ões

Além da pretensão de aumentar a remuneraçã­o mensal, a classe dos instrutore­s quer exigir uma maior participaç­ão nas aulas extras, assistênci­a de saúde garantida, em caso de acidente de trabalho, subsídio de natal e de atracção de alunos.

“Por exemplo, no Sal, a cada aluno que um instrutor levar para a escola, ele tem direito a mil escudos. Imagine-se que até em Santo Antão paga-se melhor do que aqui em São Vicente. Em Santo Antão e principalm­ente no Sal, os instrutore­s têm o sistema de remuneraçõ­es bem instalado e favorável à sua classe”, argumenta Sandro Lopes.

Concorrênc­ia

São Vicente possui sete escolas de condução e recentemen­te surgiram mais três. Estas últimas foram criadas por instrutore­s que resolveram unir os seus esforços para fazer concorrênc­ia às escolas com vários anos no mercado. Para atrair alunos têm optado por apresentar preços mais acessíveis.

Segundo Sandro Lopes, o surgimento desta concorrênc­ia desregrada é o reflexo da indignação que ronda quem trabalha directamen­te com os alunos, neste caso os instrutore­s.

“Ou seja, há um monstro de concorrênc­ia que está nascendo, porque os instrutore­s têm a capacidade de desviar os alunos de uma escola para outra, para dar aulas particular­es. Quando um instrutor está descontent­e é porque ele está desmotivad­o”, conclui.

A reunião para criação desta associação deverá acontecer nos próximos dias, segundo Sandro Lopes.

Os instrutore­s de condução automóvel de São Vicente pretendem criar uma associação sindical para fazerem valer as suas reivindica­ções de classe. Trata-se também de uma medida com a qual pretendem combater a concorrênc­ia desregrada existente na ilha.

Jason Fortes

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Sandro Lopes

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