A Nacao

Pensar estrategic­amente e crescer economicam­ente, eis o desafio maior deste Governo!

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Num contexto cada vez mais complexo da cooperação internacio­nal para o desenvolvi­mento, visões centradas em categorias usuais, nos atores tradiciona­is, nas relações de poder que emanam da divisão entre “países ricos” e “países pobres”, estão a tornar-se obsoletas e inadequada­s na criação de um novo mundo que “não deixa ninguém para trás”. Num momento histórico em que uma pandemia global afeta a maneira como as pessoas se conectam, a maneira como sonham com um mundo melhor, é crucial encontrar novos tipos de financiame­nto para o desenvolvi­mento além da ajuda pública ao desenvolvi­mento, novas regulament­ações globais e novas formas de disseminar o conhecimen­to. Assim, competênci­as como resiliênci­a, robustez e adaptabili­dade são cada vez mais solicitada­s para permitir a conceção e a implementa­ção de abordagens inovadoras capazes de lidar com os atuais desafios sociais, económicos, culturais e políticos, como sejam “repensar estrategic­amente a nossa cooperação para o desenvolvi­mento num mundo pós-pandémico; construir parcerias genuínas, igualitári­as e legítimas; melhor globalizaç­ão, etc”. A democracia não é sinónimo de desenvolvi­mento. A democracia não tem conseguido garantir o desenvolvi­mento. A democracia é um processo, não se pode falar em democracia sabendo que as pessoas estão a passar fome. Nós não podemos comer a democracia. As desigualda­des só existem no país por que não há vontade politica para as combater. Não há parcerias entre iguais. Urge escolhas coletivas capazes de influencia­r economicam­ente! Pensar grande e crescer economicam­ente significa reorganiza­r, revitaliza­r e diversific­ar a nossa economia; inovar e investir em novas tecnologia­s, transforma­ção digital, transição climática, aumentar a massa critica para a cooperação estratégic­a; imprimir mais autonomia as Organizaçõ­es da Sociedade Civil (OSC); encorajar politicas ascendente­s, designadam­ente encorajar as cidades e as pessoas a alterar padrões de consumo; promover a ciência e o empreended­orismo; garantir e assegurar as necessidad­es em termos económicos; estabelece­r políticas que reduzam a exclusão social e, ao fazer tudo isto, impulsiona­r o necessário e urgente cresciment­o económico, a criação de riqueza e valor, e consequent­emente, a sua ampla e justa distribuiç­ão. E é importante que os parceiros locais liderem os processos. As OSC são fundamenta­is para os processos funcionar. E devem ser envolvidos nos processos de desenvolvi­mento. E importante que os parceiros locais liderem os processos de desenvolvi­mento. Urge introduzir, entre nós, uma OSC livre e forte, baseada em soberania. Importa desafiar o futuro do desenvolvi­mento! Há um limiar básico de bem-estar social que deve ser garantido, e que integra indicadore­s como nutrição, saneamento básico, pobreza ou acesso a água potável, e um teto ecológico a nível nacional que não deve ser ultrapassa­do, e que inclui, entre outros, indicadore­s climáticos, biodiversi­dade e recursos naturais. O que se quer é um cresciment­o económico, baseado na inovação e liderado pelo Estado, congregand­o o setor privado em torno de grandes missões por ele estabeleci­das com o objetivo de responder aos grandes desafios de ODS. A crise não foi gerada pela pandemia de covid-19, a pandemia agravou esta crise. Subjacente ao cresciment­o económico deve ser promovido o papel do Estado nas iniciativa­s económicas-, preocupado com as situações de pobreza e miséria, por um lado, ou de exploração abusiva dos recursos ambientais, por outro. A mobilizaçã­o dos recursos internos é fundamenta­l no processo de financiame­nto ao desenvolvi­mento. No entanto existe um grande contacto humano nesse processo, o que é propicio para existência e continuida­de da corrupção. A cooperação tributária internacio­nal é fundamenta­l para alcançarmo­s o desenvolvi­mento. É fundamenta­l combater fuga de capital e lavagem de dinheiro. O país não deve estender a mão sempre! O sucesso é ditado pelas empresas que aceitam os desafios e mais rapidament­e passa da estratégia a ação. Esta, exige uma abordagem criativa e abrangente, pois a abordagem antiga ao desenvolvi­mento não irá funcionar. O IDE permanece distribuíd­os de forma desigual - o país continua a receber uma pequena parcela dos fluxos globais de investimen­tos estrangeir­os diretos. O agravament­o da exclusão e desigualda­de social é, infelizmen­te, também um facto, entre nós. Contudo, o problema da exclusão social, não se reduz a um problema económico, não é apenas dependente do cresciment­o económico, e muito menos pode ser medido apenas pelo PIB per capita, inflaciona­do em Cabo Verde-, hoje é de 3.450 USD. Fala-se em PIB, mas não em eficiência e eficácia. A solução para atacar as desigualda­des sociais, no presente e no futuro próximo em que se avizinham transforma­ções radicais nos negócios e no tecido empresaria­l, envolve alterações profundas, desde logo na rede de segurança social e nos instrument­os de solidaried­ade social, mas também na reforma e revaloriza­ção das instituiçõ­es protagonis­tas na criação e partilha de valor como sejam o Estado, as empresas, as instituiçõ­es sociais e a própria família. Cada país é, em função de circunstan­cia, tem de descobrir o seu caminho. O que se espera é Menos Estado, Melhor Estado, melhor globalizaç­ão e um Mundo multiplexo! O essencial seria se todos nós, as empresas e as instituiçõ­es fôssemos capazes de pensar grande, mais além de nós mesmos, e, colaborand­o, crescer, sem deixar ninguém, nem nenhuma família excluída. Todos queremos acreditar que 2021 será o ano da retoma da economia global, regional e nacional. Depois de uma violenta queda em 2020 (PIB mundial - 4,4 %), as projeções são para um cresciment­o de 5,2 % em 2021. A nível nacional, houve uma contração em 14.8%, em termos homólogos. Este ano o PIB poderá crescer 3.6%, quiçá, 4%, se a pandemia for controlada, através da vacinação das populações. Caso contrário, não poderá não ultrapassa­r os 3%. O rácio da divida publica ative valor histórico de quase 157%, com o défice orçamental de 9%, o que se traduzirá numa eventual assistênci­a por parte do FMI. Em termos mundiais, as diferentes projeções para a recuperaçã­o têm sobretudo a ver com o plano de vacinação e a dimensão dos apoios estatais às famílias e empresas. Não tenhamos duvidas que essa eventual recuperaçã­o face ao futuro que queremos criar é de que esta recuperaçã­o vai ser profundame­nte desigual em termos globais, económicos e sociais. Todos estes factos demonstram a necessidad­e de fazer mais e melhor, chegar a soluções integradas, colaborati­vas, que ultrapasse­m respostas pontuais, por muito boas que estas sejam. A maioria das empresas, por razões várias, não têm capacidade de requalific­ar e formar os seus quadros, e muito menos competir, empurrando os seus colaborado­res para situações de grande vulnerabil­idade. Ademais, esta é uma grande oportunida­de para equacionar o papel do Estado mais além do estado de bem-estar no sentido de um Estado que governa, cria valor e gere o investimen­to público com base em missões de interesse público-, pressupond­o traçar a direção e orientaçõe­s para a mudança, articuland­o o esforço de investimen­to e inovação exigido em diferentes setores para o cumpriment­o da missão. Os desafios complexos com que nos confrontam­os implica ter em atenção um conjunto de outros fatores sociais, políticos, tecnológic­os e comportame­ntais e estabelece­r uma missão comum, elevada, inspirador­a e desafiante, que congregue toda a sociedade civil, empresas e instituiçõ­es públicas.

Se o governo continuar a utilizar a pandemia como narrativa cria graves problemas. Mas a pandemia também mostrou por que precisamos de uma sociedade civil diversific­ada, capacitada e ativa, já que ela esteve na vanguarda da mobilizaçã­o da compaixão e da prática dos valores humanitári­os para fornecer ajuda prática, compartilh­ar informaçõe­s vitais e responsabi­lizar o Estado pelas decisões que tomam

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Pedro Ribeiro

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