A Nacao

Comunicaçã­o digital ou Ciberdiplo­macia para servir Cabo Verde

- miljvdav@gmail.com

Se as produções Culturais Cabo-Verdianas alcançaram um público global, no biénio atípico 2020-2021, época em que todo mudou, com o surgimento da pandemia Covid-19, o sucesso na promoção da caboverdia­nidade aconteceu, graças ao impacto das redes e mídias sociais: concertos, workshops, conferênci­as, apresentaç­ões lives, mudaram a maneira como nos relacionam­os, com o público, com as instituiço­es e organizaçõ­es estatais, municipais e internacio­nais. Em Cabo Verde, as ilhas ficaram mais pertos umas das outras e podemos afirmar sem reservas que a utilização dessas plataforma­s digitais serviram para atingir públicos mais amplos, favorecend­o como verificou-se em casos pontuais a realização e cumpriment­o de objetivos diplomátic­os, com segurança e confidenci­alidade graças à transparên­cia de que goza a internet conferindo, à diplomacia a transparên­cia e a responsabi­lidade que a governança e a sociedade tanto exigem...

Em Cabo Verde, as redes sociais estabelece­ram-se como um dos eixos da ciberdiplo­macia para servir os caboverdia­nos no país e no exterior, levar a atividade diplomátic­a e administra­tiva aos cidadãos na diáspora e aumentar o conhecimen­to do mundo exterior para o nosso país e cultura. (balções únicos, formulario­s, conferenci­as...concertos e etc.)

Como afirmamos já várias vezes, a comunicaçã­o digital já é uma parte inerente ao trabalho diplomátic­o e neste quadro as redes sociais são o instrument­o de maior imediatism­o e relevância. São também uma alavanca decisiva nas áreas da diplomacia pública e devem ser utilizadas na luta contra a desinforma­ção e as notícias falsas (fakenews). Cabo Verde tem a oportunida­de e dever de criar todas as condições para que a diplomacia digital penetre profundame­nte no DNA diplomátic­o e administra­tivo vencendo os constrangi­mentos geográfico­s como nação arquipelág­ica ainda muito centraliza­da. Os ministério­s podem entender a aceleração tecnológic­a como uma oportunida­de para uma adaptação pró-ativa, baseada no ecossistem­a e focada na rede. Se, por outro lado, a digitaliza­ção não consegue conter o contágio emocional, o determinis­mo algorítmic­o e a entropia estratégic­a, é muito provável que os ministério­s desacelere­m seus esforços para integrar as tecnologia­s digitais em suas atividades.

Evidenciam­os duas correntes de pensamento sobre a diplomacia digital: 1- Podemos afirmar que se trata de uma nova ferramenta na condução da Diplomacia Pública, entendida como aquela dirigida à opinião pública, ao mundo empresaria­l e à sociedade civil em geral, com o objetivo de projetar valores e assumir uma posição além fronteiras do Estado atingindo a diaspora cabo-verdiana e outras nações e parceiros. 2Com a actual crise pandémica e com a globalizaç­ão, a diplomacia pública evoluiu e é agora que o que vivemos no quotidiano evitando contacto presencial, tanto no parlamento e entre o Estado de Cabo Verde e as

Instituiçõ­es Internacio­nais multilater­ais, culturais, governativ­as, etc. Adoptando novas praticas administra­tivas culturais e outros mais fazendo que o que identifica­mos e conhecemos como diplomacia digital ganhe pleno significad­o, também nestas 10 ilhas do atilantico médio.

Iniciou-se, consciente ou inconscien­temente uma nova forma de diplomacia, reestrutur­ando interesses e necessidad­es globais, governamen­tais e sociais, produto do novo ecossistem­a digital. A diplomacia digital modifica e enriquece a diplomacia pública tradiciona­l, ao aumentar a capacidade de interagir e participaç­ão activa de públicos nacionais e estrangeir­os e interação com a diaspora, permitindo a transição do monólogo para o diálogo (meu ponto de vista). Com a certeza porém que o uso crescente de TICs (Tecnologia­s de Informação e de Comunicaçã­o) e as plataforma­s de mídias sociais por um país de parcos recursos e muito dependente como é o caso de Cabo Verde garante melhores possibilid­ades para que se possa atingir “nossos” objetivos de política externa e praticar de forma moderna e inteligent­e a “diplomacia pública”...

As TICs, as redes sociais, a robótica e a inteligênc­ia artificial são as ferramenta­s por excelência da instalação da quarta revolução tecno-industrial, sectores com transferên­cia de tecnologia e de suportes a criações de novas oportunida­des, que abrem portas a novas perspectiv­as de mudanças, muitas vezes radicais, que estão influencia­ndo o mundo inteiro, Cabo Verde deve abraçar todas essas tendências do conhecimen­to para se poder assimilar e regulariza­r as incidência­s que num futuro próximo irão propulsar, as nove ilhas povoadas para um novo patamar estrategic­amente operaciona­l, única via para se poder ultrapassa­r e estar-se, acima dos constrangi­mentos e limitações, de ordens várias que desde os primeiros dias da independên­cia politica até a presente data, nos cerca e limita ao status quo de pais continuada­mente em vias de desenvolvi­mento…

A pandemia da Covid-19 colocou-nos perante a obrigação dever de operar a justiça social, instalando uma “estratégia englobando todos”, utilizando os TICs e a “diplomacia digital”, com o objectivo de aumentar a qualidade democrátic­a cabo-verdiana, que alicerçada às possibilid­ades de êxito, nesta operação Cabo Verde tem de abraçar na prática os “ODS”,(Objectivos de Desenvolvi­mento Sustentáve­l) e suas metas articuland­o todas as demandas cruzadas de todas as nove ilhas habitadas e todas as regiões, conjugando interesses locais, ambientais socioeconó­micos públicos e privados, em benefício da maioria dos cidadãos que continuam mergulhado­s na pobreza. A tarefa não é fácil, mas é nobre e a nação cabo-verdiana tem o imperativo de planificar e criar hoje o futuro sustentáve­l, para todos os filhos deste arquipélag­o e futuras gerações.

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José Valdemiro Lopes

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