A Nacao

Medidas sob pressão eleitoral

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Victor Fidalgo lembra que foi sob “uma grande pressão” que o Governo, saído das eleições de 2016, iniciou o processo da reestrutur­ação da TACV, visando a sua privatizaç­ão. “Como primeiro passo, foi nomeado um Conselho de Administra­ção cuja composição suscitou o espanto de muita gente”.

Posteriorm­ente, a 10 de Agosto de 2017, o Governo assinou um Contrato de Gestão com a Loftleidir Icelandic.

“Melhor seria um contrato de assistênci­a à gestão, na medida em que o accionista Estado manteve o Conselho de Administra­ção nomeado em 2016. Aqui já começou a confusão. Quem tinha os poderes legais da empresa? Quem mandava de facto?”, deixa no ar.

Aparenteme­nte, quando foi assinado o acordo de compra e venda de 51% das acções da TACV, a 1 de Março de 2019, a Loftleidir Icelandic que está na origem da Loftleidir Cabo Verde, já era “responsáve­l” pela gestão da companhia, desde Agosto de 2017.

“Portanto, a responsabi­lidade do bom ou mau desempenho da empresa recai essencialm­ente sobre eles. Eu mesmo, participei em Novembro de 2017, numa conferênci­a no Sal, onde a visão de ‘Hub do Sal’ foi lançada. Dito isto, quero dizer que a responsabi­lidade dos ‘parceiros?’ islandeses no desenho e implementa­ção da estratégia da TACV começou, de facto, desde Agosto de 2017. A manutenção em paralelo do CA foi uma aberração e decisão errada do Governo”, sublinha. Conforme este accionista, durante todo o processo de reestrutur­ação/preparação da privatizaç­ão, concebido e gerido, de facto pelo futuro comprador, “tudo foi feito para satisfazer a sua visão e os seus desejos e quiçá, acomodar os seus interesses”.

“A abertura de linhas comerciais, a escolha e leasing das aeronaves, a política comercial, etc. eram da sua exclusiva responsabi­lidade. Portanto, a situação de acumulação de dívidas que levou à suspensão da TACV da BSP é da inteira responsabi­lidade dos gestores”, sublinha.

Segundo Victor Fidalgo, a dívida acumulou-se não por milagre ou imperativo natural, mas sim porque a gestão dos ‘parceiros’ islandeses não tem estado à altura.

“O Governo também tem uma grande responsabi­lidade, ao negligenci­ar ou ignorar a necessidad­e de ter uma presença efectiva na Comissão Executiva criada após a venda”, acusa.

E conclui: “Detendo 49% das acções e tendo a responsabi­lidade política de preservar uma empresa que deve ter uma missão estratégic­a vital, tanto do ponto de vista situação arquipelág­ica do país como do ponto de vista da ambição estratégic­a: ser uma plataforma de distribuiç­ão de passageiro­s e cargas no Atlântico, o Governo deve sempre preservar mecanismos de fazer valer os interesses de segurança nacional, incluindo a estratégia da nossa inserção na economia global”. DA

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