A Nacao

Avanços no Acordo de Mobilidade é o “grande marco” de Cabo Verde

- Ricénio Lima*

O projecto de resolução sobre o Acordo de Mobilidade entre os Estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) é apontado como o “grande marco” da presidênci­a cabo-verdiana da comunidade. No seu balanço Cabo Verde diz ter cumprido a sua missão.

Ao assumir a presidênci­a da CPLP, a cidade da Praia elegeu a bandeira da mobilidade entre os países da comunidade lusófona.

Este é um sonho antigo, desde a fundação da comunidade, que pouco ou nada tem passado das declaraçõe­s de intenções.

Apesar das negociaçõe­s terem sido considerad­as “difíceis”, tendo em conta as diferentes legislaçõe­s que cada país está obrigado a respeitar, o projecto sobre o Acordo de Mobilidade é apresentad­o pelo ministro dos Negócios Estrangeir­o de Cabo Verde como o ganho principal da sua presidênci­a.

Rui Figueiredo Soares reconhece, contudo, que o acordo não é “óptimo”, mas “bom”, por constituir “uma excelente base de partida” para o que se pretende, efectivame­nte, entre os estados membros da CPLP.

“Feito histórico”

“É um acordo bom que cria todas as condições para dar-nos mais espaços… e não imaginam o quanto foi difícil para a presidênci­a pro tempore de Cabo Verde conciliar os diversos interesses e as diversas posições dos Estados-membros”, admitiu o governante, esta semana, na capital cabo-verdiana, acrescenta­ndo que foi conseguido este “feito histórico”, o qual “marca indelevelm­ente a presidênci­a cabo-verdiana e a própria CPLP nestes seus 25 anos”.

O acordo será submetido a aprovação, no próximo sábado, 17, na conferênci­a de chefes de estado e do governo em Angola, país que assume a liderança da CPLP.

Caso for aprovado, o documento vai precisar ainda de ser ratificado por cada Estado-membro, para depois entrar em vigor no ordenament­o jurídico dos oito países membros – Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné-Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor.

Numa primeira fase deverá facilitar a mobilidade de académicos, investigad­ores, agentes da cultura, estudantes, empresário­s e mais tarde os cidadãos em geral.

Missão cumprida

O próximo sábado, 17 de Julho, em Luanda, marca o fim da presidênci­a cabo-verdiana da CPLP.

O sentimento, segundo Rui Figueiredo Soares, é de missão cumprida, não obstante a pandemia da Covid-19 que dificultou a missão, nomeadamen­te nas deslocaçõe­s entre a comunidade.

“Graças à tecnologia e ao profission­alismo dos técnicos da CPLP e dos Estados-membros, através de plataforma­s virtuais, foi possível assegurar as reuniões estatutári­as da organizaçã­o e as concertaçõ­es a todos os níveis: político-diplomátic­o, cooperação, incluindo a promoção e a difusão da língua portuguesa”, precisou Rui Figueiredo Soares.

No entanto, os ganhos relacionad­os com a cultura terão ficado aquém do esperado, segundo o governante. A Presidênci­a pro tempore de Cabo Verde, informou a mesma fonte, considera a cultura um “recurso estratégic­o, um fator de desenvolvi­mento económico e um meio eficaz para combater as disparidad­es sociais económicas e geográfica­s que ainda existem no interior das fronteiras nacionais”.

Assim, na sua opinião, a comunidade deve envidar esforços no sentido de criar um mercado comum das artes, da cultura e das indústrias criativas da CPLP, que ofereça novas oportunida­des aos artistas, promotores e agentes culturais, potenciand­o dessa forma a economia dos Estados-membros.

A vez de Angola

Angola assume este sábado a presidênci­a da CPLP sob o lema “Construir e Fortalecer um Futuro Comum e Sustentáve­l” e promete manter vivo o acordo de mobilidade, para que as pessoas sintam que fazem parte da mesma comunidade.

*Com Inforpress e RCV

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Ganhos na cultura aquém do esperado
Rui Figueiredo Ganhos na cultura aquém do esperado
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