A Nacao

Onda de violência em protesto contra a prisão de Zuma

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Após a prisão do antigo presidente Jacob Zuma, acusado de desacato e condenado por corrupção, uma onda de protestos já deixou mais de 70 mortes na África do Sul e centenas de detidos.

O ex-chefe de Estado, de 79 anos, foi condenado a 15 meses de prisão no mês passado por desafiar uma ordem de um tribunal constituci­onal para cooperar com um inquérito que investiga corrupção de alto nível durante os seus nove anos no governo, encerrados em 2018.

Zuma nega que tenha havido corrupção generaliza­da, mas se recusou a cooperar nas investigaç­ões, que foram iniciadas em suas últimas semanas no cargo.

A sentença de Zuma e sua subsequent­e prisão foram vistas como um teste à capacidade da nação pós-apartheid de aplicar a lei de forma justa, mesmo contra políticos poderosos, 27 anos depois que o Congresso Nacional Africano (ANC) depôs os governante­s da minoria branca para inaugurar a democracia.

Para muitos manifestan­tes, a solução passa pela libertação de Jacob Zuma, que se entregou às autoridade­s na quarta-feira passada para cumprir uma pena de 15 meses de prisão por desacato, depois de se ter recusado a testemunha­r na comissão que investiga a corrupção durante o seu mandato, entre 2009 e 2018.

Defesa pede revogação da pena

A defesa do ex-presidente pede a revogação da pena, alegando que o tribunal não seguiu os procedimen­tos adequados.

“O próprio Tribunal Constituci­onal pode ter ultrapassa­do os limites da Constituiç­ão. Deve-se ter em conta que não se trata aqui de fundamento­s de recurso ou revisão, mas alegações de conduta. Conduta que é inconstitu­cional e, por isso, inválida”, afirmou Dali Mpofu, advogado do ex-Presidente sul-africano.

A acusação, por sua vez, garante que o tribunal agiu de acordo com a Constituiç­ão sul-africana.

“Apesar do desprezo descarado pela ordem do tribunal para participar na comissão presidida pelo juiz Zondo, o senhor Zuma também não quer ser punido. Dizer ao tribunal que num julgamento cuidadoso, em que equilibrou os direitos do senhor Zuma com o interesse público, agiu de forma inconstitu­cional, é algo extraordin­ário”, diz Tembeka Ngcukaitob­i, o advogado da comissão que investiga a “captura do Estado” na governação Zuma.

Sem mencionar o nome de Jacob Zuma uma única vez no seu discurso desta segunda-feira, o presidente Cyril Ramaphosa admitiu que a violência “poderá ter começado com um objetivo político, mas descende para a criminalid­ade”.

Ainda assim, o chefe de Estado sul-africano disse que se vai encontrar com líderes de partidos políticos, sem precisar datas, numa altura em que a oposição aponta o dedo pela “relutância” em “agir decisivame­nte” para resolver a “guerra interna” no ANC, o partido no poder.

*Com agências

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