Cabo Verde perdeu 8 mil residentes na última década
Os resultados preliminares do quinto Recenseamento Geral da População e Habitação (RGPH-2021) mostram uma ligeira redução da população residente no país, na ordem dos 8.055 habitantes, quando comparado com o recenseamento de 2010. Os dados atestam ainda que há mais gente a viver em barracas e que há mais homens que mulheres. Pela primeira vez em setenta anos a flecha demográfica sofreu uma inflexão.
Os resultados, ainda que preliminares do RGPH202, divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), esta semana, não deixam margem para dúvidas. O número de habitantes em Cabo Verde diminuiu.
Dos 491.683 habitantes que moravam no país, em 2010, os números baixaram agora para 483.628, ou seja, menos 8.055 pessoas.
Os números ora apurados reiteram a tendência para a concentração da maioria dos cabo-verdianos nos centros urbanos. Cerca de 73,9% reside no meio urbano e 26,1% no rural. Ou seja, a população do meio rural também diminuiu em relação ao Censo de 2010.
No toca ao sexo, Cabo Verde tem 243.047 (50,3%) homens e 240.581 (49,7%) mulheres. O concelho de Santiago é a excepção, pois é o único onde há mais mulheres que homens.
Praia concentra maioria da população
Confirma-se ainda que a capital detém a maioria da população, com 24,9% do total, seguida de São Vicente com 15,3% e Santa Catarina de Santiago com 7,7%. Na cauda dos municípios com menos população estão Brava, com 1,2%, Tarrafal de São Nicolau, com 1,1% e Santa Catarina do Fogo, com apenas 1,0% dos habitantes do país.
De notar que o município da Praia passou de 131.602 habitantes em 2010, para 142.009 agora no recenseamento de 2021, verificando-se uma taxa média de crescimento anual de 0,7%.
Já São Vicente, por exemplo, perdeu população: baixou de 76.107, em 2010, para 74.016 habitantes, enquanto Sal aumentou de 25.760 habitantes em 2010, para 33.347 em 2021. Aliás, este facto tinha ficado patente no último recenseamento eleitoral.
Os dados recolhidos pelos técnicos do INE mostram também uma diminuição da população jovem, entre os 20 e 24 anos.
Explicação
Com os dados ora recolhidos é possível constatar que, pela primeira vez em setenta anos, a flecha demográfica no país sofreu uma inflexão, o que tem gerado alguma perplexidade. Com efeito, desde o Censo de 1950 que essa flecha apontou sempre no sentido crescente (ver o mapa de 2010), facto este que poderá várias explicações.
Na altura da apresentação dos resultados preliminares, Maria Lopes, coordenadora técnica do INE, disse não ser possível avançar para já as causas da diminuição da população, em concreto, mas apontou algumas possibilidades.
“Globalmente, são hipóteses ainda, há uma diminuição muito grande da população de 20 a 24 anos, em relação a 2010, pode ser devido à mortalidade por causas violentas, ou saída de jovens para o exterior, para estudos ou à procura de trabalho. Mas, tudo isso são hipóteses porque ainda não analisamos nada para justificar”, avançou.