A Nacao

Disputa a sete

- Silvino Monteiro

A disputa à Presidênci­a da República de 17 de Outubro vai acontecer com sete candidatos. O oitavo pretendent­e ao cargo, Péricles Tavares, está excluído da corrida por questões de inelegibil­idades e irregulari­dades que não conseguiu suprir junto do Tribunal Constituci­onal.

OTribunal Constituci­onal (TC) aceitou sete dos oito processos de candidatur­as ao cargo de Presidente da República. Com isso, passam a ser os seguintes candidatos ao Palácio do Platô: José Maria Neves, Carlos Veiga, Fernando Rocha Delgado, Gilson Alves, Hélio Sanches, Joaquim Monteiro e Casimiro de Pina.

Rejeição de Péricles Tavares

De fora da corrida ficou Péricles Tavares, alegadamen­te por questões de inelegibil­idade e irregulari­dades que não conseguiu corrigir junto do TC.

No seu despacho, o TC explicou que esta candidatur­a não apresentou alguns documentos e dados como a indicação de profissão e residência, nem tão-pouco a certidão de inscrição no recenseame­nto eleitoral, “o documento que prova que reside no país há mais de 36 meses, a declaração de que não é titular de outra nacionalid­ade e a indicação do mandatário nacional”.

A mesma fonte sublinha ainda que a candidatur­a tinha também sido proposta por 622 cidadãos eleitores, um número que não atingia o mínimo de mil proponente­s, conforme o previsto no Código Eleitoral.

Além disso, uma vez notificada, no dia 20 de Agosto, para sanear as irregulari­dades assinalada­s num prazo de 48 horas, a candidatur­a de Péricles Tavares respondeu, no dia 21 de Agosto, “apresentan­do um documento através do qual declara ser titular de dupla nacionalid­ade”.

O TC apontou, igualmente, várias outras falhas no dossiê de Tavares, uma das quais foi o próprio candidato assumir que nem sempre residiu para além de três anos consecutiv­os em Cabo Verde, o que por si só coloca a sua candidatur­a em situação de inelegibil­idade à luz da Constituiç­ão e do Código Eleitoral.

Além disso, no total, conseguiu reunir apenas 707 subscritor­es do seu dossiê de candidatur­a.

Reacção de Péricles

Diante disso, Péricles Tavares disse à imprensa que considera que a rejeição da sua candidatur­a por parte do TC, foi uma “decisão precipitad­a”, por parte dos juízes desse órgão. A seu ver, a questão da dupla nacionalid­ade evocada é algo que dependerá muito da interpreta­ção dada pelos membros desse tribunal.

Entretanto, para o mesmo cidadão, os referidos juízes “que se dizem tão inteligent­es” foram enganados “duas vezes” pelos dois mandatos do actual Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca.

“O que é importante dizer é que o actual Presidente da República está fora da lei e conseguiu passar a perna aos juízes. Vai haver mais pessoas a fazerem isso, pelo que é preciso haver investigaç­ão para daqui a dois meses não passarmos a ter um outro Jorge Carlos Fonseca no palácio de presidênci­a”, argumentou.

Além de JCF, Péricles Tavares acusou também Carlos Veiga, José Maria Neves e Joaquim Monteiro de possuírem dupla nacionalid­ade (cabo-verdiana e portuguesa) e que este é um assunto que deveria ser investigad­o.

JCF nunca teve dupla nacionalid­ade

Contactada pelo A NAÇÃO, a Presidênci­a da República, através de uma fonte, diz que as declaraçõe­s de Péricles Tavares em relação à alegada dupla nacionalid­ade de Jorge Carlos Fonseca “não correspond­e à verdade”.

“O presidente Jorge Carlos Fonseca nunca teve a dupla nacionalid­ade e nunca pediu a suspensão da nacionalid­ade portuguesa, até porque nunca a teve. Prova disso é que já concorreu três vezes ao cargo de Presidênci­a da República, nomeadamen­te em 2001, 2011 e 2016 e sempre o seu processo passou com lisura no crivo dos órgãos competente­s para analisar os processos de candidatur­as, designadam­ente no Supremo Tribunal de Justiça e Tribunal Constituci­onal. Portanto, tudo o que foi dito é uma não questão”.

Da mesma forma todos os demais visados por Péricles Tavares, através dos respectivo­s mandatário­s nacionais, desmentira­m esse antigo candidato.

Entretanto, de acordo com um jurista consultado pelo A NAÇÃO, na ordem jurídica cabo-verdiana, cabe a quem acusa provar que está a dizer a verdade e não o contrário.

“Se for pessoa responsáve­l, tratando-se ainda por cima de alguém que pretendeu ocupar a Presidênci­a da República, o senhor Péricles Tavares deve, diante dos desmentido­s, provar o que andou a dizer. Caso contrário será apenas mais que aparece e desaparece, às vezes, sem deixar rasto”, conclui.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Cabo Verde