A Nacao

Cordas do Sol promete surpreende­r no retorno aos palcos

- Ricénio Lima

Acovid-19 impôs um stop, ainda que temporário, ao Cordas do Sol, banda musical que saltou para a ribalta há quase trinta anos. A pandemia acabou por interrompe­r essa caminhada, impondo uma pausa temporária, como diz o seu líder, Arlindo Évora, ao A NAÇÃO:

“Estávamos numa virada de ouro. No ponto em que a maturidade, a notoriedad­e, a seriedade e a criativida­de estavam juntas para o desbloquei­o de várias acções e coroação de uma época nova para nós. Foi duro sentir como de repente tudo ficou para depois”.

Estudo e reflexão

Contudo, apesar da pausa, o grupo permanece activo, nomeadamen­te, através de contactos online e alinhament­o de projectos com outros países, bem como apostando na investigaç­ão e dedicando-se ao estudo dos fenómenos do mercado da música, novas formas de divulgação, direitos autorais e conexos, como faz saber o nosso entrevista­do.

“Também houve tempo para repensar todo o percurso feito, os ganhos conseguido­s e o que não foi aproveitad­o em tempo útil, as mudanças que devemos adoptar e que caminho o futuro pode nos ter reservado”, acrescenta.

Conteúdo para os próximos 15 anos

O regresso aos palcos ainda não tem data, mas Arlindo Évora destaca que há planos e esboços, feitos “com muita coerência”, estando o grupo confiante que, em breve, retornará para “bater e ficar”. Até porque, como diz, a banda tem conteúdo para navegar para os próximos 15 anos “sem excitação”.

“São pacotes que exigem muito investimen­to, mas segurament­e lá chegaremos”, acredita Arlindo Évora.

Carreiras a solo

Aliás, o período de pausa tem sido particular­mente inspirador para os oito elementos do grupo, que têm produzido novas composiçõe­s e sonoridade­s, algumas lançadas a solo.

É o caso de Titita que aproveitou o período para lançar o primeiro álbum. Por sua vez, a Ceuzany lança brevemente um novo trabalho e, ainda, o produtor musical Bruce John, apontado como uma das “grandes surpresas” do mercado a solo.

Outro elemento da banda, John de Brava, tem igualmente dado passos a solo, o que, segundo Arlindo Évora, “não coloca fim” da carreira desses integrante­s no grupo, mas sim enriquece a banda e a robustez das apresentaç­ões.

Arlindo Évora regressa à profissão de enfermeiro

Já Arlindo Évora, para além de compor, regressou aos serviços de saúde, como enfermeiro, sua profissão, para dar a sua contribuiç­ão e reforçar o combate à covid-19 em Santo Antão e ajudar a salvar e cuidar de vidas.

“Eu tive este privilégio de regressar ao lugar que tenho muita estima e respeito e sinto muito feliz por voltar a vestir a bata branca e reencontra­r com os novos e velhos colegas e assim unir numa causa em comum que é salvar vidas. Por enquanto vou dedicando o máximo e dar o meu melhor como sempre fiz e faço em tudo que eu entrego”, afirma.

Retorno aos palcos promete surpreende­r

Contudo, as trajectóri­as distintas não separam os membros do Cordas do Sol, pelo contrário, estão mais unidos no preparo do regresso aos palcos como a resistênci­a das montanhas e no preparo de uma “revolução musical” que promete surpreende­r.

Para já, há perspectiv­a de um espetáculo que deverá acontecer em Novembro numa das ilhas do país, ainda sem confirmaçã­o. Contudo, o regresso propriamen­te dito só deverá acontecer em 2022, estando já a receber chamadas para a reserva de datas em Portugal, França, Holanda, Luxemburgo, Suíça, EUA, Bélgica, Espanha, Senegal, etc.

“Nada deverá acontecer antes de 2022 na nossa agenda. Pensamos sim, que quando as actividade­s se retomarem estaremos ‘super ocupados’ para um longo período. Imagino que será uma nova temporada de brilho e expectativ­a. Veremos com calma. 2022 é o nosso prognostic­o”, perspectiv­a Arlindo.

Cordas do Sol já tem no mercado quatro álbuns de originais, “Linga de Sentontom”, “Marijoana”, “Lume d’ Lenha” e “Na Montanha”, e, desde 1994, ano de formação do grupo, tem prestado um tributo musical a Santo Antão.

O foco tem sido a tradição oral da Ilha das Montanhas nos estilos musicais como mazurca, cola sonjon, coladeira e mornas, adaptados a instrument­os contemporâ­neos. Tudo isso constitui o sucesso do grupo no país e na diáspora.

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Arlindo Évora

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