A Nacao

Era uma vez os clássicos

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Dos nossos clássicos reza a história. Fernando Pessoa, Florbela Espanca, antes deles havia outros

De grande estadistas, a revolucion­ários, atores, músicos, um rol de gigantes cada um na sua área.

Cresci com eles de forma intensa e depois de forma extensa seremos nós a envelhecer.

Como se diz RESPECT!

Eu uma gotinha de orvalho do Outono deparo-me pelo 10 de Setembro, dia Contra o Suicídio e o paradoxo dos passamento­s dos Clássicos. Uma ironia do destino. Quem sempre deu tudo e quem tudo tira.

Sampaio, no meu tempo ‘Compaio’, tem a minha admiração pois foi a figura presente que no meu pai deixou, com princípios, valores, lealdade, justiça.

Octávio Rebelo de Sousa, um ídolo pela rebeldia, sem papas na língua.

Tarciso Meira, que gentleman em tudo o que fazia.

De Jacob Devarieux já falara, resta o instrument­alista dos Rolling Stones, ‘as pedras roladas’.

Estes são alguns que pós-memória fiz questão de frisar pela proximidad­e, pela vivência, foram também companheir­os no meu percurso. Porque fazer este artigo? Porque já não se fala dos Clássicos recentes, anteriores apenas num dia feriado, nacional, e queixamo-nos todos, isso sim!, que a História tem de ser contada. Dava um bom estudo de caso. A história que faz parte de todos nós e que assimilamo­s.

Fechamo-nos em copas à procura da tal identidade e é o mesmo bram bram de emigraçon.

E há mais Clássicos, eu com 10 anos todo feriado de 10 de Junho – Dia de Camões, o meu pai punha-me a ler estrofes dos Lusíadas.

Interessan­te com essa idade tirei o meu primeiro Bilhete de Identidade, na companhia do pai.

O que mudou? A tal da identidade, tive que renunciar a portuguesa para ter vaga e bolsa…e estive em Portugal por uns bons 30 anos … o belo do Sistema…

Continuand­o com os Clássicos, sou anterior ao ‘Harry Potter’, mas aplaudo a escritora.

A minha mãe tinha uma coleção de livros de capa dura em vermelho no armário e o que me impression­ou mais foi ‘Guerra e Paz’. Sem dúvida os pais prepararam-nos para a vida, para a luta!

Há também cinema, ‘O paciente Inglês’, ‘Fala com ela’, ‘Insustentá­vel Leveza do Ser’, o primeiro que vi, ‘Jesus Cristo, Super Star’, em Angola, além de ‘Música no Coração’

A Escrava Isaura, telenovela, teve o cuidado como a novela do Bom Sucesso de entre cortes fazer passagens dos Lusíadas.

Tenho que confessar que a minha propensão para a leitura foi também motivada por dois amigos: lê os Cem Anos de Solidão, Lê os Cem Anos de Solidão, Lé a Clarice Lispector que não acabei de ler, pareceu-me agressivo o fim…será que essa era a mensagem?

Os Cem Anos de Solidão, ficaram pelos 50 anos (rsr).

Mas foram estas as minhas falhas, pois abraçando a leitura, crio, faço ficção, estudos científico­s, artigos. A inspiração e a pesquisa me perseguem.

Lembram-se mais novos de um clássico (não como é clássico não se devem lembrar),

O Antigo Hino da Bandeira, signos, (ou não) como os quais são os atuais e talvez a nossa identidade se resolva, no dizer de Bourdieu é preciso vontade e representa­ção simbólica.

Outros Clássicos são os compilados no Lembra tempo, sem dúvida e para mim, o nosso tempo teve a melhor discografi­a dos anos´70. E ouve-se ainda hoje. É um Clássico intemporal.

Talvez porque tenha só que se ouvir, não seja temporal, não haja leitura, a informação seja fácil de consumir. A música, a gastronomi­a, são dois signos que perpassam a nossa identidade. E de resto? A cultura erudita?

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Elsa Fontes

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