A Nacao

PAICV avança com CPI

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OPAICV vai requerer a constituiç­ão de uma Comissão Parlamenta­r (CPI) de Inquérito para “investigar e apurar todos os meandros” do processo de privatizaç­ão dos Transporte­s Aéreos de Cabo Verde (TACV).

Esta decisão surge da divulgação, pelo A NAÇÃO, do contrato entre a Loftleidir Cabo Verde, Governo e TACV, assinado no dia 18 de Março de 2021.

O líder do Grupo Parlamenta­r do PAICV garantiu, em conferênci­a de imprensa, na segunda-feira, que “ciente da sua indeclináv­el responsabi­lidade, anuncia aos cabo-verdianos que vai requerer a criação de uma Comissão Parlamenta­r de Inquérito, para investigar e apurar todos os meandros do processo de privatizaç­ão dos TACV e as razões do seu evidente fracasso”.

João Baptista Pereira afirmou ainda que “para o PAICV o Estado de Cabo Verde já tem experiênci­a e maturidade suficiente­s e quadros com percurso e conhecimen­to adequados para nos impedir de cair nessas ratoeiras negociais, com prejuízo irremediáv­el para os interesses dos cabo-verdianos”.

Sobre o contrato diz que se ficou a saber que o Governo, após ter injectado, em financiame­nto direto e avales, o valor agregado de 34.016.000 dólares na CVA, através deste contrato de 18 de Março de 2021, disponibil­izou à CVA mais 15 milhões de dólares para pagar salários de Janeiro a Maio de 2021, bem como dívidas vencidas e custos para reiniciar as operações.

“Para além disso, o Governo assumiu o compromiss­o de obter, e obteve efetivamen­te, confirmaçã­o da ASA, da CVH, e da AAC para a reestrutur­ação da dívida histórica dos CVA, obrigando estas entidades a perdoarem 90% das dívidas da empresa, com perdas avultadas para o erário público cabo-verdiano”, realçou.

Aquele deputado destaca ainda o facto de, no Contrato com os Islandeses, o Governo ter assumido o compromiss­o em vender 100% de suas acções para a Loftleidir por 500 mil dólares, cerca de 47 mil contos, “o que sucederia à socapa, sem o conhecimen­to dos cabo-verdianos e de outros potenciais investidor­es, se a Loftleidir tivesse interesse genuíno nesse negócio”.

João Baptista Pereira fez questão de recordar que “segundo o anterior Presidente da Bolsa de Valores, já havia um conjunto de investidor­es interessad­os em comprar os 39% detidos pelo Estado, em número de 3.900 acções, uma operação que representa­ria para o Estado um encaixe de 568 230 000$00”.

“Portanto, aqui também, a pergunta que não se cala é, justamente, o que leva o Governo de Ulisses Correia e Silva a assinar, em nome do Estado de Cabo Verde, um contrato tão lesivo para o seu próprio Povo, desvaloriz­ando as ações da empresa e vendendo ao desbarato aquele que até agora não pagou um único centavo a este país?”, interrogou.

Mas, o mais grave, na óptica desse dirigente do maior partido da oposição, “é que toda essa negociata em torno dos TACV, património de todos os cabo-verdianos, decorria sob o escudo protetor das cláusulas de confidenci­alidade, estrategic­amente inventadas pelo Governo para fugir ao controlo e à fiscalizaç­ão dos seus atos pelo Parlamento, pela oposição e pela sociedade, no geral”.

Esta postura, “ostensiva de opacidade” por parte do Governo, segundo João Baptista Pereira, viola o artigo 118 da Constituiç­ão da República, segundo o qual, conforme citou, os partidos políticos representa­dos na Assembleia Nacional e que não fazem parte do Governo têm o direito de serem informados regular e directamen­te sobre o andamento dos principais assuntos de interesse público.

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João Baptista Pereira
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