“O presidente da República não é uma estátua”
Fernando Rocha Delgado, de 40 anos, prepara a sua candidatura há 17 anos. Como Presidente da República (PR) pretende ser “mais um ministro” fora do Governo, no pressuposto de que o chefe de Estado “não é nenhuma estátua”. Confiante na vitória de 17 de Outubro, este candidato promete ser um PR “activo, por dentro dos acontecimentos e árbitro do sistema”.
Fernando Rocha Delgado grante que a sua intenção de se tornar Presidente da República surgiu, ainda, aos 22 anos, quando, como conta, participou de uma recolha de 3900 assinaturas em Santo Antão, São Vicente, Sal, Boa Vista e Santiago entregues na Direcção Geral do Trabalho, exigindo um salário mínimo nacional,
Desde então, tem vindo a preparar uma candidatura que já dura 17 anos e que é intensificada, segundo Fernando Delgado, por sentir “vários desequilíbrios e desigualdades” a nível nacional e que o motivaram, “ainda mais”, a entrar no jogo político, neste caso de olho na Presidência da República.
Como exemplos de domínios a precisar fortemente de uma “magistratura de influência”, Delgado cita desequilíbrios no sector marítimo e “fracturas graves” na segurança pública e na justiça.
“O país precisa brotar com uma nova ideologia. É uma lástima, desde a segurança, saúde, justiça, educação, transportes marítimos e aéreos. O país precisa de um choque porque está numa hipnose profunda”, entende este candidato presidencial que defende, ainda, uma intervenção forte nas Forças Armadas para garantir a “boa imagem” da instituição.
“Ministro fora do Governo”
Caso for eleito PR, este concorrente pretende ser “mais um ministro fora do Governo”, activo, fiscalizador, mediador e árbitro do sistema. Um Presidente, conforme avança, que esteja por dentro dos acontecimentos, junto das comunidades, das pessoas e dos seus problemas e que não seja uma “estátua”.
“É uma questão de vontade em resolver os problemas. O Presidente da República não governa, mas também não é nenhuma estátua. Sou um homem que tem feito estudos de casos. Aquilo que estou a fazer hoje é porque Cabo Verde precisa de uma pessoa da minha qualidade, atenta e activa”, aponta Fernando Rocha Delgado.
Revisão da Constituição e mais poderes ao PR
Para isso, defende uma revisão da Constituição “o mais urgente possível”, para que dê mais poderes ao Chefe de Estado, nomeadamente nas questões judiciais, e que venha a proporcionar uma “reviravolta” em todo o sistema.
Como Chefe de Estado, terá foco nas aulas de cidadania e encontros frequentes com os órgãos de soberania para “juntos atacar” os problemas do país, discutir “aquilo que for útil” para Cabo Verde e reforçar a democracia e estimular os jovens ao espírito de liderança e responsabilidade.
Sem apoio partidário
A candidatura de Fernando Rocha Delgado não possui apoio partidário e é financiada por recursos próprios, como faz saber o candidato. Uma disputa por ele considerada de “desigual”, do ponto de vista financeiro, se comparado com os candidatos com apoio partidário.
Delgado diz que sua candidatura está a fazer um “esforço” para que as “poucas economias” financiem a campanha. “É difícil, mas estou a caminhar da minha forma. O sucesso virá”, acredita.
Entretanto, o candidato ao Palácio do Platô tenciona percorrer todas as ilhas do país para dar a conhecer as suas propostas aos cabo-verdianos. “
A nossa campanha oferece uma visão simplificada, que permite a minha candidatura estender para onde está o maior potencial de votos que são os jovens. Sendo assim, decidi-me deslocar de Santo Antão a Brava, iniciando em Figueiral da Ribeira Grande de Santo Antão e outras localidades da ilha, oferecendo panfletos e mostrando a visão da candidatura”, explica.