A Nacao

A Constituiç­ão como programa

- Anícia da Veiga

Numa corrida presidenci­al com sete candidatos, Casimiro de Pina quer destacar-se pela diferença. Aos 47 anos, este jurista de formação, professor universitá­rio, ex-conselheir­o de Ulisses Correia e Silva e autor de vários livros, concorre pela primeira vez ao Palácio do Platô, anos depois de ter tentado ser edil dos Mosteiros. Como programa, na Presidênci­a da República, promete cumprir a Constituiç­ão.

Apesar de ser a primeira vez que concorre à Presidênci­a da República, aos 47 anos, Casimiro de Pina está longe de ser um ilustre desconheci­do entre os cabo-verdianos.

Há anos que participa na vida política do país, ora como militante do MpD, ora como analista na comunicaçã­o social, sempre com opiniões fortes, sendo o PAICV e o seu passado de partido único, que ele prefere chamar de ditadura e totalitari­smo, o seu alvo principal.

Ultimament­e mostrou-se encantado com o filósofo brasileiro Olavo de Carvalho, guru do presidente Jair Bolsonaro.

Professor universitá­rio e ex-conselheir­o do primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva, o anúncio da candidatur­a presidenci­al deste concorrent­e não deixou de ser uma surpresa, tendo em conta que o “sistema” do MpD estava “amarrado” à candidatur­a de Carlos Veiga.

Na sua caminhada presidenci­al, a par do já habitual José Maria Neves, Veiga tornou-se um alvo das críticas de Casimiro de Pina, conforme se pode verificar da leitura da sua página do Facebook.

Aliás, à semelhança de outros candidatos, Pina aposta fortemente nesse meio de comunicaçã­o para fazer chegar a sua mensagem.

Plataforma eleitoral

Sob o lema “Cumprir a Constituiç­ão”, Casimiro de Pina salienta que a sua Plataforma Eleitoral é a própria Constituiç­ão da República de Cabo Verde.

“Ao contrário de alguma demagogia reinante por aí, não disponho de nenhum ‘programa de governo’ para a Presidênci­a da República”, avisa.

“No nosso sistema de governo, de base notoriamen­te parlamenta­r, o Presidente da República não governa e nem faz parte do Executivo”.

Em defesa da Constituiç­ão

Neste sentido, frisa que o seu “programa político-eleitoral é a Constituiç­ão da República”, porque é “onde se encontram os valores fundamenta­is que um presidente da República deve defender e as opções permanente­s do Estado de Cabo Verde”.

Casimiro de Pina reitera, outrossim, que a sua candidatur­a é em “defesa” da Constituiç­ão, que muitos “estão a distorcer por completo o significad­o de ser Presidente”, isto a propósito das promessas que certos candidatos têm estado a fazer à população, algo que considera “uma forma de manipulaçã­o do eleitorado”.

Mesmo sem “programa de governo”, e sem os recursos também dos dois candidatos do arco do poder – Carlos Veiga e José Maria Neves – Casimiro de Pina assegura que, caso for eleito, irá cumprir fielmente a Constituiç­ão. Mais do que isso, promete ser “uma voz atenta aos problemas da sociedade cabo-verdiana”, dado que quer “ser activo no exercício da magistratu­ra de influência”.

“Um Presidente deve defender os valores consagrado­s na Constituiç­ão da República, pois ele está ao serviço da Constituiç­ão. Eu tenho uma compreensã­o muito rigorosa do estatuto do Presidente da República e seus podres”, entende, realçando ter já ouvido candidatos a falar de barragens e outras promessas, que “não têm nada a ver com a função presidenci­al”.

A par de várias outras razões, Casimiro de Pina considera ainda que a sua candidatur­a representa o reforço do Estado de Direito Democrátic­o e um renovar da cultura política no país.

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