Presidencialismo ou Magistratura de influência
Chegaram as eleições presidenciais.
É a última do ciclo que se iniciou em Outubro de 2020, com as eleições autárquicas.
Estou certo de que Cabo Verde dará, outra vez, uma lição de democracia, embora ainda imperfeita, com muita compra de consciência pelo meio.
Para estas eleições, concorrem pela 1ª vez 7 candidatos!!!
Há poucos dias, houve o 1° de dois debates entre todos os candidatos, menos o ilustre Djack “das Montanhas” Monteiro.
Confesso que não gostei do figurino dos debates. Preferia que se encontrasse alguma forma de um debate a dois, para melhor aquilatarmos das propostas individuais de cada um dos 7.
Também confesso que fiquei um pouco frustrado com o conteúdo do debate, apesar de também ter que confessar que, afinal, temos bons candidatos.
A meu ver, o debate serviu quase só para os candidatos esgrimirem seus dotes intelectuais sobre quem conhece mais a Constituição da República e quais os Poderes do PR. É igualmente esta a opinião que se ouve da vox populi nos diferentes becos e belecos de nossa capital.
Uma única voz se destoou no meio de tão doutos candidatos.
Foi pela voz do candidato “Presidente-Poder Absoluto”, o cirurgião Gilson Alves.
Pena ele não ter percebido que a nossa Constituição lhe impede de ser o PR que quer e sonha ser.
Pena, porque não saiu daquela infeliz cepa torta... que é, afinal, o motivo desta minha reflexão... o regime que a Constituição nos impôs.
Não sou jurista, pelo que não vou me meter a analista de nossa Constituição.
Porém, em período de revisão constitucional, que parece estar a aproximar, trago para apimentar o debate, minha modesta opinião.
Sou, declaradamente, como o candidato “Presidente-Poder Absoluto”, pelo Presidencialismo.
Sou pelo Presidencialismo “tout court”.
Sou pelo Presidencialismo porque, por exemplo, se perguntassem ao falecido Aristides Pereira (AP) se seria pelo Presidencialismo “PURO”, ele, pela sua leveza de carácter, poderia até ter dúvida em dizer que sim ... que ERA pelo Presidencialismo “PURO”.
Seguramente que não tivemos um Presidencialismo “PURO” desde o início porque vários interesses estiveram em questão... interesses que só a história, no futuro, nos esclarecerá.
Conjecturando... as figuras cimeiras do 1° regime, o do Partido único, não aceitariam tal figurino. É óbvio que Pedro Pires ou o falecido Abílio Duarte, por exemplo, eram figuras muito mais carismáticas que AP. Estes nunca aceitariam um “reinado”, a solo, como na maioria de nossa sub-região, e eles jogarem o papel de simples tocadores da orquestra.
Um dia voltarei a esta questão. Sou pelo Presidencialismo “PURO” porque se perguntassem ao também já falecido Mascarenhas Monteiro (MM) se seria pelo Presidencialismo “PURO”, ele, também pela sua leveza de carácter, poderia até ter dúvida em dizer que sim ... que ERA pelo Presidencialismo.
Mas, já no fim de seu mandato, sobretudo aquando daquele quiproquó, de termos dois 1os Ministros, que o seu 1° Ministro, na altura, arranjou e depois do célebre caso do “dnher d’Angola”, não tenho dúvidas que Masca teria pensado em que seria melhor que fosse ele a gerir toda esta nossa “lojinha”. Teria pensado ...claro, sem dizer nada a ninguém...até a sua morte!
Sou pelo Presidencialismo “PURO” porque se perguntassem ao Comandante PP, nosso penúltimo PR, se seria pelo Presidencialismo, ele, seguramente pelo seu carácter combativo e de velho combatente do mato e das agruras da vida e de político “avant tout” não teria/terá dúvida em dizer que sim que É / SERIA, hoje, pelo Presidencialismo “PURO” (PP é, seguramente, o político mais completo que Cabo Verde teve até hoje).
Sou pelo Presidencialismo “PURO” porque se perguntarem ao ainda Presidente (JCF) se seria pelo Presidencialismo “PURO”, ele, também seguramente pelo seu carácter combativo e de intelectual irrequieto (deve aparecer sempre, tipo Marcelo tuga, aliás, creio que o copia demasiado e não tem muito jeito, como o seu colega portuga), Zona, não teria/ terá dúvida em dizer que sim que É / SERIA, hoje, pelo Presidencialismo “PURO”.
Magistratura de Influência
No caso dos nossos Presidentes, “Magistradores de Influência”, não teríamos a caricata situação de ter que “ir passear” pelo interior profundo, “visitar o eleitorado” (o povo que os elegeu), e quando, aflitos, confrontados com situações de permanentes apertos como vivem os nossos visitados, terem que responder:
“Sabe não tenho poderes para resolver este problema. A “Bíblia” não me permite. Assim, povo meu, assim que chegar a Praia vou chamar o “quem manda di mé di vera” para lhe dizer que vocês estão passando mal...para ele ver o que pode fazer, etc., etc... Vou fazer uso de minha Magistratura de Influência para ver como resolver os problemas que têm...etc., etc.”.
MM chegara a dizer que “morreria com o povo”... com a angústia de não poder fazer nada.
Depois, o PR mete-se no carro e vem à Praia.
E... depois faz uso da famosa Magistratura de Influência...para, no fim, o PR nada resolver.
Mas, isso de tarsi rekadu pa kenha k ta manda di mé di vera, parece-me que até o “deputadozinho” da zona pode fazer...E também pode exercer sua Influência...enquanto Deputado!!
Na minha reflexão original sobre este tema, que acabei por não publicar, disse o que penso sobre o que achariam
Sou pelo Presidencialismo porque acho ser um desperdício, num país pobre como Cabo Verde, ter tanta gente a mandar... com tão pouco dinheiro para pagar essa gente toda