Bañuelos de Castro não conseguiu mobilizar 10 milhões
O que causa alguma estranheza é o facto de Enrique Bañuelos de Castro querer avançar com o “Little África Maio”, orçado em 500 milhões de euros, quando não conseguiu mobilizar 10 milhões de euros para a compra de 25,44% das ações que a Geocapital detinha na Caixa Económica de Cabo Verde (CECV).
Relativamente à intenção de compra da participação da Geocapital no capital social da CECV, no valor 25,44%, por parte de Bañuelos de Castro, em representação da IHCV – International Holding Cabo Verde, SGPS Sociedade Unipessoal Lda, A NAÇÃO sabe que o BCV, depois de feitas todas as diligências previstas e cumpridas todas as formalidades legais e regulamentares, não se opôs à venda dessa participação.
No entanto, para a “surpresa” do Banco Central o negócio não se concretizou no tempo legalmente previsto para o efeito, o que levou esta instituição a comunicar às partes envolvidas “o encerramento do processo de aquisição de participação qualificada correspondente a 25,44% do capital social da Caixa Económica de Cabo Verde, S.A. (CECV) pela IHCV – International Holding Cabo Verde, SGPS Sociedade Unipessoal, Lda., representada pelo Senhor Enrique Bañuelos de Castro.”
Entretanto, o Governo optou pela aquisição dessa participação. Ora, com isso, o Estado de Cabo Verde (Tesouro, INPS e Correios de Cabo Verde) dispõe, actualmente, de uma participação qualificada na CECV de mais de 80%.
Para o grande espanto dos conhecedores dessa matéria, nas vésperas das eleições legislativas de Abril de 2021, foi assinado com Bañuelos de Castro um acordo de estabelecimento para a edificação do projecto “Little África Maio”.
Ou seja, a mesma pessoa que, após autorização de compra da participação dada pelo BCV, já não estava em condições de consumar o negócio de poucas dezenas de milhões de euros, por alegadas razões financeiras e de os preços das acções serem muito altos, apareceu como o maior investidor que Cabo Verde teria, prometendo investir mais de 500 milhões de euros no projecto “Litle Africa Maio”.
Com isso, o “Litle Africa Maio” corre o risco de ser mais um megaprojecto de “turismo de maquete”, lançado sempre com pompa e circunstância, acabando depois por cair no esquecimento. Em trinta anos de economia aberta e virada para o turismo, é já extensa a lista de empreendimentos do género lançados e que nunca saíram da maquete. Miguel Rosa, edil do Maio, tem razões para estar preocupado. DA