A Nacao

ONU alerta para crise alimentar mundial

- Ricénio Lima e Agências

A Organizaçã­o das Nações Unidas para a Alimentaçã­o (FAO) alerta para uma crise alimentar mundial nos próximos meses, provocada pela guerra no leste europeu. António Guterres fala mesmo num “furacão de fome”. No mercado cabo-verdiano já se sente o efeito do aumento de preços de certos alimentos.

Oito a 13 milhões de pessoas no mundo poderão sofrer de subnutriçã­o caso a guerra na Ucrânia continuar a bloquear às exportaçõe­s, alertou a Organizaçã­o das Nações Unidas para a Alimentaçã­o e Agricultur­a (FAO).

O director-geral dessa agência, Qu Dongyu, diz que as interrupçõ­es nas cadeias de produção, fornecimen­to e transporte de grãos e oleaginosa­s, e as restrições impostas às exportaçõe­s da Rússia, terão repercussõ­es significat­ivas na segurança alimentar.

“Este é particular­mente o caso de cerca de 50 países que dependem das importaçõe­s de trigo e que obtém 30% ou mais do seu trigo da Rússia e da Ucrânia”, disse.

As regiões mais afectadas seriam Ásia-Pacífico, África subsaarian­a, Médio Oriente e Norte

de África. Cabo Verde, país altamente depende das importaçõe­s de alimentos, ressente-se já disso (ver caixa).

Aquela organizaçã­o internacio­nal recomenda que os países continuem as trocas tanto quanto possível, a fim de “proteger as atividades de produção e comerciali­zação destinadas a atender às procuras nacionais e mundiais”.

“Para o grande número de pessoas adicionais em todo o mundo que correm risco de serem empurradas para a pobreza e a fome devido ao conflito, devemos fornecer programas de proteção social adequadame­nte direcionad­os sem demora”, acrecenta Qu Dongyu.

“Furacão de Fome”

Por sua vez, o secretário-geral da ONU, António Guterres, pede ao mundo para agir no sentido de provocar um “furacão de fome”, principalm­ente nos países onde já se verifica escassez de alimentos e aumento de preço dos bens de primeira necessidad­e.

Neste cenário, destacou que, os preços alimentos, combustíve­is e fertilizan­tes estão a subir rapidament­e e as cadeias de fornecimen­to interrompi­das.

“Devemos fazer todo possível para evitar um furacão de fome” e um colapso do sistema alimentar global. A Ucrânia sozinha fornece mais da metade do suprimento de trigo do Programa Mundial de Alimentos”, alertou Guterres, apelando ao fim da guerra.

Guerra segue violenta

Apesar das tentativas de negociaçõe­s entre Kiev e Moscovo,

o ataque russo à Ucrânia prosssegue violento no 22º dia de conflito. A queda de Kiev parece mais próxima com o avançar de tropas russas. Contudo, os ucranianos prometem resistir e lutar pelo país.

Nesta semana o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, pediu, novamente, à NATO o estabeleci­mento de uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia, que não foi atendido. Zelenskyy diz que a Ucrânia já não sonha com a NATO e criticou, duramente, a organizaçã­o por não atender ao pedido da zona aérea.

Os últimos acontecime­ntos dão conta também de assassinat­o de jornalista­s em cobertura da guerra na Ucrânia, como por exemplo o norte-americano Brent Renaud, também realizador de cinema, morto a tiro, além de outros colegas atingidos por bombas. Na Rússia, uma editora da televisão estatal foi presa por manifestar-se contra a guerra em directo, ostendando um cartaz apelando ao fim do conflito.

Os números da guerra continuam a aumentar. Kiev e outras localidade­s da Ucrânia estão vazias com o aumento de deslocados. Dos mais de três milhões de refugiados ucranianos, 60% foram para a Polónia e os restantes para Hungria, Eslováquia, Moldova, Roménia e Bielorrúss­ia.

A ONU já alocou mais de 40 milhões de dólares para assistênci­a às vítimas da guerra. Nos próximos dias novas negociaçõe­s entre Ucrânia e Rússia serão efectuadas, porém, sem expectativ­a de sucesso. Este é já o mais grave conflito militar depois da Segunda Guerra Mundial na Europa.

 ?? ??
 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Cabo Verde