A Nacao

Fraca adesão às urnas e descrédito na política podem ter condiciona­do

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Steven Lammering Varela, filho de pai cabo-verdiano da Assomada e mãe holandesa, não conseguiu ser reeleito pelo PvdA, em Roterdão.

“Obviamente que estou desapontad­o com os resultados e com a perda do nosso partido em Roterdão”, começa por dizer, ao A NAÇÃO, apontando contudo que, apesar de ter havido uma fraca adesão às urnas, nesta votação teve mais pessoas que lhe “confiaram” o seu voto, do que na eleição anterior. Garante, por isso, que olha para os últimos dois anos com “orgulho”.

“Cabo Verde recebeu uma doação histórica de vacinas, com uma equipa médica de Roterdão, na luta contra a pandemia. Significat­ivamente, mais dinheiro será destinado ao trabalho com jovens nos próximos anos. Os jovens agora podem descobrir e desenvolve­r seus talentos com segurança em 15 centros de jovens e há mais por vir. Na luta contra a violência com facas, a entrega de armas, a prevenção e a cooperação integral são primordiai­s. A solidaried­ade internacio­nal, sustentabi­lidade e segurança receberão mais atenção na política internacio­nal da cidade e haverá sanções mais duras para racismo e discrimina­ção dentro da polícia”, elencou.

Steven reconhece que sabia, à partida, que ia ser uma disputa difícil para o PvdA, devido à “competição” entre os 20 partidos. “Perdemos um assento. Passamos de cinco para quatro e, olhando para a competição, o dano é relativame­nte limitado”, analisa.

Contudo, mostra-se desapontad­o porque a comunidade cabo-verdiana, como explica, “não vai ter mais representa­ção no nosso município, nos próximos 4 anos”.

Segundo atesta, “todos os candidatos cabo-verdianos combinados não conseguira­m nem um lugar”. Mesmo assim, diz ter “orgulho” do jovem talento Gabriel Gomes Barros, de 22, ao ter conquistad­o 1% dos votos com o seu partido. “Não é o suficiente para um lugar, mas é muito impression­ante e acho que veremos mais dele nos próximos anos”, perspectiv­a.

Descrédito das minorias

Questionad­o sobre o que correu menos bem, Steven fala da fraca adesão às urnas, a nível nacional, de cerca de 50,3%, e de cerca de 39% em Roterdão, e algum descrédito na política.

“Muitas minorias e a classe de baixa renda não votaram porque não têm mais confiança na política e neste governo. Também, dentro da comunidade cabo-verdiana, infelizmen­te. Somos culpados disso e isso é algo que nós, como políticos, precisamos trabalhar nos próximos anos. As eleições também foram ofuscadas pela horrível guerra na Ucrânia. Muitos debates na TV foram cancelados por causa disso”, argumenta.

Contudo, Steven ainda é relativame­nte novo na política, pois o seu caminho iniciou em 2018, e, depois, em 2020, quando foi eleito, um mês antes de começar a pandemia.

“O meu foco principal, para ser honesto, era fazer as coisas para o nosso povo (especialme­nte nossos jovens) e superar a pandemia. Na semana anterior às eleições apanhei covid e entrei em quarentena. “Infelizmen­te, perdi alguns momentos de relações públicas muito importante­s”.

Agora, o seu objectivo pessoal, garante, é aprender crioulo e português e continuar a estreitar laços entre Cabo Verde e Roterdão. Uma luta que passa pelo domínio dessas duas línguas, como forma de ampliar o seu campo de acção.

“Estamos a trabalhar em uma rede de jovens profission­ais e empreended­ores para fortalecer o relacionam­ento dentro, e entre Cabo Verde e Roterdão. A doação de vacinas no ano passado provou que há muito potencial e estabelece­mos conexões muito boas, a alto nível dentro da política e do Governo. Agora é um passo atrás, para dar dois à frente, nos próximos anos”, explica.

Até, porque como diz, está só a começar. “Em apenas dois anos, acho que provei ser um político capaz, mas, infelizmen­te, ainda não muito conhecido”.

Agora há que ver o lado positivo disto tudo, pois passa a ter “mais tempo” para a esposa e o filho e para visitar Cabo Verde ainda este ano. “Quero mostrar ao meu filho parte das suas raízes”, finaliza. GC

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