Cabo Verde alarga número de vagas e bolsas para estudantes santomenses
Cabo Verde e São Tomé e Príncipe relançaram a cooperação bilateral extensiva a acordos tripartidos. Os dois países rubricaram, na segunda-feira, na Praia, uma série de acordos nos domínios da política externa, comunidade, educação, turismo, agricultura, novas tecnologias e economia digital. Cabo Verde vai oferecer 200 vagas e bolsas a estudantes santomenses.
Tratou-se de um dos pontos altos da visita oficial do primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe, Jorge Bom Jesus, a Cabo Verde, cujo acordo bilateral foi rubricado no final da Comissão Mista, depois de um interregno de 15 anos.
Em conferência de imprensa conjunta, o chefe do Governo de Cabo Verde referiu que este relançamento da cooperação bilateral “vai começar bem com o reforço do diálogo político diplomático, consultas bilaterais sectoriais, acordos e intenções nestes dois países insulares e com uma história comum de vários anos”.
Ensino superior
A nível da educação, Ulisses Correia e Silva destacou o ensino superior, na Uni-CV, e a formação profissional na Escola de Hotelaria e Turismo, no CERMI e no IEFP, como acções a serem postas em prática, para que o programa de cooperação de efective. “Chegamos ao entendimento de que devemos aumentar, de forma significativa, o número de vagas e de bolsas para a formação profissional para os próximos três anos”, ou seja, entre 2022 e 2025.
Serão atribuídas, segundo o chefe do executivo, 200 vagas e bolsas para formandos de São Tomé e Príncipe, na convicção de que se trata de um instrumento “muito importante de empoderamento dos jovens, capacitando-os para o mercado de trabalho”.
Este é, pelo que se sabe, o maior número de vagas já atribuídas pelo Estado cabo-verdiano a bolseiros de São Tomé e Príncipe, país que alberga uma antiga comunidade cabo-verdiana. Aliás, boa parte dos bolseiros são descendentes de antigos contratados idos de Cabo Verde para aquele país do Equador.
Linha de crédito
O acordo verbal prevê igualmente uma linha de crédito, que vai ser aumentada de forma significativa, isto é, de cinco mil para 50 mil contos, com vista às partes poderem aumentar a plenitude do microcrédito, enquanto um instrumento fundamental para dar aos jovens condições favoráveis de financiamento e geradoras de empregos.
Para a materialização destes projectos, Praia e São Tomé contam com a cooperação tripartida, que envolve o Luxemburgo, na área da educação, assim como o Banco Mundial na cooperação com a economia digital e Angola, nas áreas da conectividade e mobilidade.
Mobilidade e comunidades residentes
Aliás, no que toca à mobilidade, a ligação aérea entre os dois países foi uma das reivindicações colocadas pela comunidade são-tomense em Cabo Verde, juntamente com questões ligadas ao acesso ao ensino superior, ao reunir-se, na Praia, com o seu primeiro-ministro.
Quanto ao Acordo de Mobilidade/Isenção recíproca de vistos, diz o governo, foi reforçado o engajamento de Cabo Verde na sua implementação prática, para que os cidadãos possam circular livremente entre os dois países, além de permitir residência facilitada em situações favoráveis.
No domínio das Comunidades Residentes e Desenvolvimento Solidário, introduzido pela primeira vez nos acordos entre os dois países, para concertação política e de intervenção em prol das respetivas comunidades, o Governo anunciou que vai colocar de pé o projecto da Casa de Cabo Verde em São Tomé e Príncipe, “espaço essencialmente para as nossas comunidades”.
Para os sectores do Turismo, Agricultura e Novas Tecnologias /Economia Digital, Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe decidiram reforçar as parcerias com oportunidades de investimento em vários subsectores.