“Memórias de Pedro Pires” ainda este ano
Partindo do pressuposto de que as entrevistas nunca são completas, Pedro Pires diz que tem em andamento a escrita das suas memórias, facto que lhe confere a necessária autonomia de escrever a sua própria história. Uma parte dessas memórias pode ser lançada ainda este ano.
Essas memórias contemplam dois volumes mas o Comandante vai logo explicando que não se trata de uma história sobre todo o acontecido, mas sim “sobre a minha participação, numa perspectiva de valorizar o combate que foi extraordinário em que tenho que valorizar e colocar à disposição para apreciação dos leitores e historiadores”.
“Não é uma recolha de dados mas sim uma visão pessoal”, esclareceu, sobre o período em apreciação.
Volume sobre Guiné-Bissau praticamente feito
“Estou a tentar fazer uma coisa mais completa, escrita por mim, sem ser escritor. Estou a tentar escrever as minhas memórias de como vejo a minha participação na luta pela libertação”, contou, revelando que o primeiro volume do livro, que é sobre a Guiné-Bissau, está praticamente feito.
“Fica a faltar a revisão e a arrumação, entre outras coisas que preciso ver com os meus colaboradores para a sua forma definitiva. Mas, o que depende de mim está feito”, avançou sobre a obra que pretende apresentar ao público ainda este ano.
Histórias ainda não contadas
Pedro Pires garante que os dois volumes terão histórias que ainda não foram contadas ou que são conhecidas por um grupo restrito de pessoas, como acaba por ser normal em situação do género.
Um tema incontornável é o assassinato de Amílcar Cabral, em 20 de Janeiro de 1973, numa altura em que ele, Pedro Pires, encontrava-se no interior da Guiné.
“Traz as coisas em relação às quais as pessoas não falam, entre elas, o assassinato de Amílcar Cabral. Para além do ‘lado trágico da luta’, as minhas memórias trarão o ‘lado épico’ que são as vitórias, a conquista da Independência”, referiu ainda sobre a obra que de uma forma geral pretende “mostrar o percurso no sentido de o valorizar”.
Valorização da luta de libertação
Pedro Pires considera que a luta de libertação é uma conquista heróica que deve ser valorizada pelas sucessivas gerações. A questão, conforme alerta, é o uso que se faz desta conquista.
“O facto de haver muitos problemas actuais na Guiné-Bissau não desvaloriza, de maneira nenhuma, o que foi a luta pela sua libertação. Recebeu-se um património, uma luta que eu considero heróica, mas a questão é o uso que fizemos disto. Pois, a conquista e o uso da conquista são duas coisas diferentes porque não são as mesmas pessoas e a mesma geração”, concluiu,
Enrequecimento da história da luta de libertação dos países africanos
Fora deste projecto editorial, Pedro Pires revelou que faz ainda parte de um trabalho com historiadores a nível dos PALOP para enriquecer ainda mais a história da luta de libertação dos países africanos. Sem entrar em mais detalhes diz que o trabalho já está em andamento e que será uma mais-valia que completará, ainda mais, a história recente de Cabo Verde e da Guiné-Bissau.