A Nacao

Fábrica de fazer dinheiro

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Dado o seu valor patri-monial para Cabo Ver-de, Pedra de Lume foi classifica­do como paisagem protegida, através do decreto--Lei 3/2003, de 24 de Fevereiro.

O objectivo desse diploma visava, na altura, preservar os elementos naturais e cultu-rais relacionad­os com a exis-tência de uma caldeira de ex-ploração do sal e que se ajusta a uma paisagem de beleza sin-gular e valor ecocultura­l.

Neste sentido, também foi classifica­do como Património Natural, Histórico e Cultural Nacional através da resolução n° 21/2012, de 24 de Abril.

Nenhum benefício para Pedra de Lume

Na verdade, porém, desde que assumiu Pedra de Lume como propriedad­e sua, esta tem sido uma autêntica fábri-ca de fazer dinheiro para An-dreias Stefanina. Se entrarem 300 pessoas

por dia nas salinas, por 5 eu-ros, no fim do dia são arreca-dados 1.500 euros, no fim do mês 45.000 euros e no fim do ano 540.000 euros. Antes da covid-19, na época alta e mé-dia, o número de entradas era de 900 pessoas por dia. Conforme uma fonte, liga-da ao processo, nem um cen-tavo desse montante fica em Pedra de Lume, em benefício da sua população e preserva-ção e reparação das infraes-truturas.

Local excepciona­l na cratera de um vulcão extinto

Salinas de Pedra de Lume, situadas na parte NE da ilha do Sal, com uma área de 40 hectares, é um local excep-cional formado na cratera de um vulcão extinto a 39 metros acima do nível do mar e 1500 metros de uma enseada abri-gada. Em tempos, a cratera esteve em contacto com o mar pelo seu lado norte, por canais naturais, possibilit­ando a infil-tração da água que, devido àevaporaçã­o, deixou um depó-sito de sal-gema calculado em mais de cinquenta milhões de toneladas.

Extracção e exploração do Sal

À volta desta mina de sal formatou-se, no passado co-lonial, uma sociedade indus-trial com infraestru­turas bá-sicas tais como capela, escola, maternidad­e e cantina social. Desta, é visível o tipo de as-sentamento humano, baseado nas divisões socioeconó­micas industriai­s, manifestan­do--se nos diferentes conjuntos habitacion­ais destinados aos trabalhado­res das salinas, aos engenheiro­s e aos chefes que aí residiam. A extracção de sal foi o fac-tor impulsiona­dor para a ocu-pação e efectivaçã­o da ilha, tendo como mentor o abasta-do comerciant­e Manuel Antó-nio Martins que, por volta de 1796, com famílias oriundas da Boa Vista e homens escra-vizados da costa ocidental, fixou-se em Pedra de Lume. Desde então, a ilha passou a ser procurada por navios de várias nacionalid­ades, prin-cipalmente do Brasil, para se abastecere­m do “ouro branco”. DA

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Salinas de Pedra de Lume

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