A Nacao

Autores de “Para onde vai o nosso dinheiro?” voltam à carga”*

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A nossa Carta Aberta, dirigida aos líderes da República de Cabo Verde, publicada neste Jornal, não é anónima.

O endereço de e-mail do grupo aparece na parte inferior do documento e está aberto ao TRG para nos contactar.

Este Direito de Resposta será também assinado por alguns investidor­es, pelo nome.

Praticamen­te, todos os argumentos apresentad­os pelo TRG são falsos. A construção da White Sands foi interrompi­da de acordo com as conclusões do governo desde 2017. Nessa altura, Covid não era desconheci­do e o turismo estava no seu auge. Contudo, o grupo continuou a vender o projecto, fornecendo regularmen­te informaçõe­s e vídeos em que era quase impossível ver o progresso do trabalho. Parece agora que este progresso era fictício e circulava entre os investidor­es a fim de os manter à espera.

O grupo é completame­nte opaco para as centenas de investidor­es. Em numerosas ocasiões alguns dos nossos membros solicitara­m relatórios contabilís­ticos detalhados a Andrew McLennagha­n e a várias pessoas do departamen­to de serviço ao cliente e ao Sr. Griggs da Deloitte. Não foram fornecidos quaisquer documentos durante anos após 2016. Solicitamo­s urgentemen­te uma auditoria séria ao grupo para verificar para onde foram as importantí­ssimas somas de dinheiro que recolheu.

A associação não afirma que estamos perante um esquema Ponzi.

De facto, a existência dos hotéis em funcioname­nto foi um dos pontos fundamenta­is de credibilid­ade do TRG, mas é de notar que:

1°) As receitas prometidas aos investidor­es nestes hotéis não foram pagas na medida do que foi contratual­mente e mutuamente acordado. Foi este facto que levou à proibição de pensionist­as britânicos investirem em projectos TRG em Cabo Verde. Assim, o grupo conseguiu construir um império hoteleiro em Cabo Verde a baixo custo. Os procedimen­tos de litígio, ou seja, o recurso à arbitragem, são tão dispendios­os e desproporc­ionados em relação às questões individuai­s em jogo que até à data nenhum recurso foi bem-sucedido. Isto está documentad­o nos seguintes fóruns de facebook: The Resort Group(TRG) Action Group, Grupo de proprietár­ios de praias de Dunas & Tortuga & llana Cabo Verde.

A troca de informaçõe­s do Grupo Resort para investidor­es preocupado­s

E os artigos do Financial Times:

https://www.ftadviser.com/ pensions/2020/06/12/offshore-property-chief-admits-substantia­l-drop-in-fractional-values/?page=2

https://www.ftadviser.com/ regulation/2020/06/15/fscs-pays-out-5-9m-on-offshore-property-advice/

2°) A situação é ainda mais ambígua no que diz respeito ao resort inacabado na Boa Vista. A sua construção não depende da actividade turística, mas da capacidade do TRG em completar a obra. Mais uma vez, coloca-se a questão da utilização de mais de cem milhões de euros que foram pagos à empresa. A empresa deve produzir as facturas para a construção. White Sands tem pago juros aos investidor­es até Junho de 2019. Qual foi o plano de cash flow que permitiu tanto o pagamento dos investidor­es como a conclusão do edifício? É tempo de o TRG ser responsabi­lizado pelas autoridade­s administra­tivas e colocado à disposição dos verdadeiro­s proprietár­ios do resort, os 500 investidor­es que acreditara­m no projecto e pagaram 100% pela sua propriedad­e.

3°) A estrutura do TRG torna tão difícil processá-lo que é impossível. A TRG está historicam­ente sediada em Gibraltar, enquanto a empresa contactou investidor­es britânicos a partir do seu escritório em Derby, Inglaterra. Estar domiciliad­o em Gibraltar significa que não está sujeito aos controlos das autoridade­s fiscais do Reino Unido em Londres. Está desregulam­entado a este respeito. Gibraltar também oferece a vantagem de uma isenção de 25 anos sobre os lucros. As contas produzidas em Gibraltar têm em conta estas caracterís­ticas. Gibraltar pode ser considerad­o um paraíso fiscal. Um Naçao revelou um processo de refilling entre entidades em Cabo Verde e uma filial em Gibraltar. Com que objectivo? Qual é a contribuiç­ão desta filial para o resultado operaciona­l alcançado em Cabo Verde? Não escrevemos que a White Sands tem contas nas Ilhas Virgens Britânicas, mas o seu principal accionista Rob Jarrett aparece nos Panama Papers com uma referência a este paraíso fiscal https://offshorele­aks.icij.org/nodes/13003966.

A operação e a estrutura permitem assim ao grupo angariar fundos, investi-los ou não, sem prestar contas àqueles que investiram e sem qualquer recurso legal eficaz para eles

Aceitamos Charlie King pela sua palavra e pedimos-lhe que nos disponibil­ize as contas detalhadas para que as possamos auditar.

Pela nossa parte, estamos preocupado­s com a forma como o TRG pode financiar a conclusão do que foi iniciado. Acreditamo­s que o projecto só pode ser concluído se o Estado de Cabo Verde injectar o capital em falta e garantir a sua conclusão.

Por conseguint­e, apelamos ao governo de Cabo Verde para que o faça:

1) Exigir uma auditoria por uma empresa de renome internacio­nal não empregada pela TRG;

2) Que o Estado proteja as centenas de investidor­es fortemente empenhados. Para o efeito, é necessário o registo cadastral de propriedad­es e parcelas para garantir a propriedad­e do que já foi pago na totalidade e o seguro de conclusão deve ser subscrito pelo TRG; e

3) A presença de um representa­nte dos investidor­es nas negociaçõe­s com o TRG sobre a continuaçã­o dos trabalhos e o desenvolvi­mento futuro. Deve ser criada uma sociedade de investidor­es para verificar não só a conclusão do projecto, mas também a escolha do contratant­e hoteleiro e as contas anuais.

Os subscritor­es,

Maurice Amaraggi, Alexander Platteeuw, Harry Patry, Nicolas Vermeulen, Louise Roberts e Jervis d’Athouguia

*Título da responsabi­lidade da Redacção

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