A noite da consagração de Ary Kueka
Ary Kueka, autor de “Sampadiu”, álbum lançado em meados do ano passado, foi o artista mais destacado da gala da Sociedade Cabo-verdiana de Música (SCM), no passado fim-de-semana, no Mindelo. Um outro destaque foi para Antero Simas, que levou o Prémio Carreira.
Foi um Ary Kueka emocionado que recebeu das mãos do presidente da República, José Maria Neves, o prémio Melhor Autor, além dos títulos de “Melhor Produtor Fonográfico”, “Melhor Intérprete” e “Melhor Compositor”, com a música “Escravatura Moderna”, todos na categoria de “Música Urbana e Moderna”.
“Para quem me conhece sabe que o meu passado é que me fez chegar até aqui. Isto é para que os meus filhos tenham orgulho de mim”, expressou Kueka, dedicando os prémios aos filhos (ver caixa).
O tecladista Khaly Angel venceu o troféu de “Melhor Arranjador” na categoria de Música Urbana e Moderna e considerou que o prémio “é um incentivo” para continuar a fazer o que gosta.
A “Melhor Intérprete” da “Música Tradicional e Clássica” foi para Diva Barros com o tema “Amdjer Coque e Bafa”, do seu recente álbum “Um bem dum Cavaquim”.
Djim Djob, “Melhor Arranjador de Música Tradicional Clássica”, Daniel Neves, “Melhor Autor de Música Tradicional Clássica”, Luís Morais, “Compositor de Melhor Música Tradicional e Clássica” e Calu Monteiro, “Melhor Arranjador na Música Tradicional Clássica” foram os demais premiados.
A SCM quis também distinguir as entidades que a têm ajudado a promover a música e os artistas cabo-verdianos. Assim, atribuídos os galardões de “Melhor Utilizador Guardião”, este foi subdividido em três subcategorias para distinguir as entidades que pagam os direitos autorais.
O prémio “Utilizador Guardião Permanente” foi para Oásis Atlântico Hotel Porto Grande; “Utilizador Guardião Pontual” para Insulada; e, por fim, a produtora Harmonia foi galardoada com “Utilizador Guardião Digital”.
E finalmente o Prémio Carreira foi para o compositor e músico Antero Simas, distinção esta que, segundo a presidente da SCM, Solange Cesarovna, foi atribuída por “aclamação e unanimidade”, durante a assembleia-geral, no passado dia 12 de Abril.
A gala contou com a animação de vários artistas convidados, tendo sido encerrada com o “convidado surpresa”, Mirri Lobo, que interpretou “Doce Guerra”, conhecida composição de Antero Simas.
Reconhecimento
Iniciativa aprovada em 2021, esta primeira edição dos prémios SCM reconhece os membros da família desta organização de gestão colectiva no sector musical, no país e na diáspora, bem como os parceiros ‘copyright friendly’, que “respeitam os direitos autorais de forma exemplar”.
Esta foi também a primeira vez que Mindelo serviu de palco a um grande evento da SCM. Isso se ficou a dever, segundo a sua presidente, Solange Cesarovna, ao facto de essa Sociedade pretender descentralizar as suas actividades, até porque São Vicente é a segunda ilha com mais membros da SCM.
Para o produtor José da Silva, o prémio recebido pela Harmonia demonstra a seriedade que esta editora sempre teve no que diz respeito a questão dos direitos de autores. “Eu gostava que todos os meus colegas e outros produtores de eventos pagassem sempre os direitos de autores porque é importante remunerarmos os nossos autores para termos mais qualidade no futuro”.
Além do presidente da República, a gala contou também com as presenças do Ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão Vicente, do presidente da Câmara Municipal de São Vicente, Augusto Neves, entre outras autoridades.
José Maria Neves aproveitou para realçar a importância de se reconhecer e proteger os direitos do autor no país, algo que só muito recentemente passou a acontecer. “Este é um grande momento para Cabo Verde, para São Vicente e, por isso, peço uma salva de palmas para a Sociedade Cabo-verdiana de Música e para todos os artistas e músicos cabo-verdianos”, destacou.