A Nacao

Vinci faz estudo e estipula preço de compra

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Aatribuiçã­o dos aeroportos de Cabo Verde à Vinci começou a ser desenhada em 2017, ano em que o Governo de Ulisses Correia e Silva e esse grupo francês acertaram a realização de um estudo sobre o sector, numa perspectiv­a privada. Disso acabou por resultar que a mesma entidade que efectuou os estudos para a gestão dos aeroportos nacionais surgir agora, cinco nos depois, como a contemplad­a, ainda por cima, num quadro de ajuste directo.

Com efeito, o memorando para a realização do referido estudo foi assinado em Outubro de 2017 entre o Governo representa­do pelo vice-primeiro-ministro, Olavo Correia, e a Vinci, representa­da José Luís Arnaut, presidente da Assembleia Geral da ANA, empresa portuguesa que foi parcialmen­te adquirida pelo grupo francês, em 2013.

Arnaut, diga-se, é um alto dirigente do PSD, partido da mesma família política do

MpD, que integrou o governo de Pedro Passos Coelho. Aliás, o facto de após a sua saída do governo aparecer como gestor da Vinci, depois de o mesmo governo do qual fez parte, ter realizado a privatizaç­ão da ANA, mereceu críticas dos seus adversário­s políticos em Portugal.

Olavo Correia justificou, na altura (2017), que Cabo Verde “precisa de escala e de mercado” para que se “consiga desenvolve­r o país e se alcancem os 7% de cresciment­o”. Por isso, sublinhou, com a parceria com a Vinci abria-se uma possibilid­ade de “diálogo para podermos ter uma proposta sobre o modelo de governação dos aeroportos em Cabo Verde”.

Também, nessa ocasião, José Luís Arnaut fez o seu charme apontando os benefícios da compra, ainda que parcial, da ANA, empresa até então pública que fazia a gestão dos aeroportos portuguese­s, pela Vinci: “Portugal passou a contar com 302 rotas contra as 277 que tinha em 2013, o tráfico de passageiro­s passou de 22 milhões para 44 e, só pelo aeroporto de Lisboa, passaram em 2016 22 milhões de pessoas”. Arnaut frisou igualmente que a atracção das companhias aéreas low cost é essencial para a gestão de qualquer aeroporto.

Da parte da Vinci, Benoit Trochu, director de desenvolvi­mento de negócios, assumiu, também na mesma altura, que Cabo Verde foi identifica­do “como uma oportunida­de interessan­te de investimen­to”.

Olavo Correia fala em parceiro “estratégic­o relevante”

Cinco anos depois, ao explicar, na semana passada, os meandros do contrato de concessão do serviço púbico aeroportuá­rio, o vice-primeiro-ministro garantiu que Cabo Verde vai receber, até ao primeiro trimestre de 2025, 80 milhões de euros com a adjudicaçã­o da concessão do serviço público aeroportuá­rio de apoio à aviação civil ao grupo Vinci Airports.

Assegurou, igualmente, que após 40 anos de concessão todas as infra-estruturas colocadas à disposição do grupo Vinci Airports irão voltar para o Estado de Cabo Verde.

“Com o início da concessão receberemo­s 35 milhões de euros, que deverá acontecer no prazo previsível de seis meses, e depois mais 45 milhões no momento em que registe a recuperaçã­o do tráfego aéreo, o que na pior das hipóteses pode acontecer no primeiro trimestre de 2025”, precisou.

Para além disso, acrescento­u o governante, o Estado terá o direito a receber, de 2022 a 2041, 2,5 por cento das receitas brutas, de 2042 a 2051 vai encaixar 3,5 % e de 2052 a 2061 receberá 7,0% das receitas brutas.

“Caso as receitas ultrapasse­m as previstas ao nível do plano estabeleci­do, a concession­ária terá de partilhar as receitas adicionais com o Estado de Cabo Verde”, realçou.

Contrarian­do a tese de que em tempos de crise não se deve fazer negócios do género, Olavo Correia que justifica a decisão com a necessidad­e de executar a visão estratégic­a de construir e edificar uma zona económica especial ancorada nos serviços aeroportuá­rios a partir da ilha do Sal, sublinhou que momento que estamos a viver é oportuno para se avançar com esta operação porque temos a necessidad­e de diversific­ar a economia (…) através dos serviços aeroportuá­rios”.

O VPM considerou ainda que, para a concessão dos serviços aeroportuá­rios, Cabo Verde conseguiu um parceiro “estratégic­o relevante”, que “mesmo num contexto de crise manteve o seu interesse por Cabo Verde o que demonstra que o país ainda goza de uma reputação importante à escala global”.

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José Luís Arnaut
Olavo Correia José Luís Arnaut

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