A Nacao

Ulisses confirma “apertar o cinto”

- Daniel Almeida

Com o Orçamento do Estado (OE’2023) aprovado na globalidad­e, na semana passada, no Parlamento, com uma inflação superior ao cresciment­o projectado, os cabo-verdianos serão obrigados a fazer mais um buraco no já por si cinto apertado que usam há vários anos. Contudo, haverá um aumento das despesas de funcioname­nto do Estado que, segundo Ulisses Correia e Silva, continua a ter uma estrutura “relativame­nte pesada”.

Aprovado na globalidad­e, por 37 votos favoráveis do MpD e 28 contra da oposição (24 do PAICV e 4 da UCID), o OE’2023 ronda os 78 milhões de contos. Prevê um cresciment­o de 4.8% do Produto Interno Bruto (PIB), esperando-se uma inflação de 3,8% e um estoque da dívida de 133,2 % do PIB.

Os partidos da oposição criticaram o OE’2023, que considerar­am com custos “despesista­s e irracional­istas” e, por acima de tudo, não correspond­er “às expectativ­as” dos cabo-verdianos.

Esse posicionam­ento foi desvaloriz­ado esta semana pelo primeiro-ministro, que, em inabitual conferênci­a de imprensa, já que houve um aturado debate sobre o assunto na Assembleia Nacional, salientou que, para além das medidas de mitigação, outras mais estão previstas no documento. (Este facto foi, ontem, criticado pelo líder do PAICV, Rui Semedo, como um exercício de propaganda.)

“O salário mínimo nacional”, lembrou Ulisses Correia e Silva, “aumenta para 14 mil escudos, os salários e as pensões do regime contributi­vo são atualizado­s entre 1 a 3,5%, os salários e as pensões mais baixos terão maiores aumentos e, a partir de o1 de Janeiro de 2023, mais 3000 idosos beneficiar­ão da pensão social. Mantém-se o Rendimento Social de Inclusão que abrange 5000 famílias”.

UCS sublinhou ainda que a erradicaçã­o da pobreza extrema e a redução da pobreza absoluta estão no centro das prioridade­s do Governo, que vai, com os parceiros de desenvolvi­mento (União Europeia e o Sistema das Nações Unidas), envidar esforços para atingir o objectivo de erradicar a pobreza extrema em 2026.

O PM reconheceu, no entanto, deixando de lado as críticas ao seu “governo gordo”, que “nós temos uma administra­ção relativame­nte pesada e que tem um encargo e um peso no Orçamento do Estado relativame­nte pesado. Estamos a trabalhar para que haja uma racionaliz­ação, mas é preciso ter muita flexibilid­ade”.

Por outro lado, o OE’2023 restringe as entidades que podem viajar em classe executiva. Para viagens, em avião, com duração inferior a quatro horas e meia, com excepção do presidente da República, o presidente da Assembleia Nacional e do primeiro-ministro, as viagens serão em classe económica. Uma medida, que não sendo nova, é vista por muitos como mera diversão.

Em 2023 o Governo aprovará uma nova lei de estrutura, “orientada para a racionaliz­ação e eficiência da administra­ção pública”, anunciou também o PM, sublinhand­o que administra­ção pública irá aumentar o número de serviços on-line, a interopera­bilidade entre serviços, a transparên­cia e a interação com os utentes e os cidadãos.

Haverá, igualmente, restrições no uso das viaturas do Estado. Para este efeito, segundo UCS, foi aprovado um decreto-lei que regula esse tipo de bem público. “Há uma definição clara e restritiva das entidades que podem ter direito a viaturas de representa­ção e do uso pessoal”. Essa medida, consoante UCS, irá ter impacto na redução de viaturas do Estado fora dos horários fixados em fins-de-semana e feriados.

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