A Nacao

Financiame­nto do orçamento

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A mobilizaçã­o de donativos para o financiame­nto do Orçamento de Estado 2022 está “perigosame­nte baixa” e, por isso, segundo um economista ouvido pelo A NAÇÃO, a meta para 2023 deveria ser muito mais ambiciosa.

“Devido ao elevado nível da dívida pública em 138,1% do PIB, mesmo com uma nova base, as dificuldad­es de aumentar a curto prazo a arrecadaçã­o de receitas ao nível nacional de forma substancia­l, inclusive, o financiame­nto da execução do Orçamento do Estado requer recursos adicionais externos em forma de donativos e não mais endividame­nto”, alerta.

Ainda por cima, “os dados indicam uma grande preocupaçã­o já que ao invés do Governo conseguir mobilizar mais, os donativos recebidos até Maio 2022 estão no seu nível mais baixo desde 2017”.

Até Maio passado, o tesouro tinha mobilizado apenas 388 milhões de escudos, o que representa menos de 10% da meta estabeleci­da para 2022. “Aliás, o objectivo em mobilizar de 4 milhões de contos, ou seja, 36 milhões de euros, é insuficien­te e não correspond­e às necessidad­es do país. A meta deveria ser mais ambiciosa e atingir os 5.5 milhões de contos, ou 50 milhões de euros, por forma a poder minimizar o impacto da inflação e da crise, em particular para as famílias desfavorec­idas”, realça a nossa fonte, sublinhand­o que em 2019 e 2020 o país atingiu e superou esses montantes quando não havia uma inflação tão elevada como em 2022 e como haverá em 2023.

O mesmo analista considera, por outro lado, que, devido ao aumento do desemprego nos últimos dois anos e a seca dos últimos quatro anos, é necessário proceder à manutenção das medidas de mitigação do impacto negativo desta situação junto das famílias desfavorec­idas.

O nosso interlocut­or ressalva que, em 2023, a retoma que se faz sentir “não terá ainda resultados na criação dos empregos para que o rendimento das famílias vulnerávei­s seja suficiente para garantir um nível de vida digno”.

Considera que é importante garantir no orçamento, entre outros, o financiame­nto do rendimento social de inclusão que, conforme a Resolução Nº812020, fixa o valor deste rendimento em 5500$00 para pessoas devidament­e registrada­s no Cadastro Social Único por forma a fomentar a resiliênci­a desta camada da população e contribuir ao desenvolvi­mento sustentáve­l.

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