A Nacao

Investigad­ores africanos querem “repor a verdade histórica” da luta de libertação

- Natalina Andrade

A Fundação Amílcar Cabral reuniu, esta semana, na Praia, um grupo de historiado­res, sociólogos e antropólog­os africanos, na segunda Reunião Metodológi­ca das Comissões de Trabalho para a Elaboração da História da Luta de Libertação dos Países Africanos de Língua Portuguesa-PALOP. Em três anos, esperam produzir três volumes sobre o tema.

Ainiciativ­a, cuja primeira edição foi realizada em Angola, em Março do corrente ano, após concertaçã­o entre o presidente da Fundação Amílcar Cabral e o chefe de Estado de Angola, João Lourenço, deve culminar na produção de três volumes, com uma nova abordagem epistemoló­gica.

A primeira fase do projecto é financiada pelo Presidente de Angola, e o custo total da sua execução deve rondar entre os 500 mil e um milhão de dólares.

Conforme a Fundação Amílcar Cabral, a ideia decorreu da necessidad­e de os principais protagonis­tas dessa História narrarem, na primeira pessoa, “a gesta heróica e libertador­a de seus povos”, visando “repor a verdade histórica, a qual vem sendo deliberada­mente adulterada nos últimos tempos, na tentativa de branqueame­nto do que foi o doloroso domínio colonial”.

Dar voz aos protagonis­tas

Mentor da ideia, Pedro Pires sublinhou que o foco do projecto é valorizar os protagonis­tas da história, mas sem fazer o “culto de personalid­ade a quem quer que seja”.

“As pessoas não são 100% objectivas nem 100% neutras. Da mesma forma que eu não sou isento, porque analiso numa perspectiv­a. A pior coisa que há é estarmos nessa posição de sermos donos da verdade. Isso leva-nos, às vezes, a posições irracionai­s”, sublinhou.

Conhecimen­to para novas gerações

Por seu lado, a coordenado­ra geral do projecto, a angolana Rosa Cruz, ex-ministra da cultura do seu país, explicou que a obra vai servir para que as novas gerações tenham acesso ao conhecimen­to do que foi a trajectóri­a da luta desenvolvi­da para chegarmos à independên­cia dos cinco PALOP (Angola, Cabo Verde, Guiné, Moçambique e São Tomé e Príncipe).

“Há todo um processo da formação das nossas elites intelectua­is, o processo da criação das organizaçõ­es políticas, do trabalho que foi desenvolvi­do na clandestin­idade, depois nos países de acolhiment­o onde se constituír­am as bases militares, as relações diplomátic­as, as Nações Unidas e até o 25 de abril”, elencou.

Ao fim de três anos, espera-se ter produzido três volumes sobre a história da libertação, sendo que o primeiro vai abarcar o período que vai dos meados do séc. XIX aos meados do séc. XX.

O 2° volume será dedicado à Luta Armada propriamen­te dita, nas suas vertentes clandestin­a, armada e diplomátic­a e o 3° à história da Gestão das Zonas Libertadas pelos Movimentos que conduziram a Luta pela Independên­cia dos PALOP.

 ?? ??
 ?? ?? Pedro Pires
Pedro Pires
 ?? ?? Rosa Cruz
Rosa Cruz
 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Cabo Verde