Cargos de chefia são uma oportunidade de crescer
Feliciano Tavares, 38 anos, natural de Santa Cruz, está há 15 anos na Boa Vista e, actualmente, é chefe de manutenção de todos os três resorts da cadeia Riu, na Boa Vista. Tal como todos os outros que rumaram à Boa Vista, há mais de uma década, também Feleciano veio em “busca” de trabalho. “Tinha terminado o 12º ano e vim para a Boa Vista na aventura...”, começa por dizer à nossa reportagem.
Naquela altura, trabalhou “um ano e pouco” na construção civil, até que decidiu regressar a Santiago, para investir na sua formação e fazer um curso de eletricista, Nível III, na Escola Técnica, da Praia.
Oportunidade, gera oportunidade
Já com outras competências, regressa à Boa Vista onde começou a trabalhar numa empresa privada, que, por sua vez, estava a trabalhar na construção do Riu Karamboa. “Quando terminou a construção do resort apareceu a oportunidade de ficar a trabalhar e eu agarrei”.
Desde então, foi sempre a crescer, em termos de carreira. “Comecei logo como técnico normal de manutenção, porque já estava formado e nem passei por ajudante”, conta.
Depois de dois anos e meio foi promovido a 2ª chefe de manutenção e, antes da pandemia, em Janeiro de 2019, a chefe geral de manutenção. “Antes estava um espanhol que acabou por ir embora e eles promoveram-me”, refere orgulhoso do seu trabalho.
Tal como Elisabete, também Feleciano tem vários familiares a trabalhar no Riu. “Somos três irmãos directos, tenho primos, sobrinhos...” Todos de Santiago.
Feleciano, que mora com a mulher e dois filhos, desmistifica um pouco os preconceitos que há contra os resorts all inclusive, no país, e defende que, do seu ponto de vista, são uma coisa “boa”, e “uma oportunidade brilhante” para “Cabo Verde, e para os jovens”, que “querem e têm vontade de aprender”.
“Às vezes, as pessoas têm aquela vontade de ir para fora (exterior) e não vêm as oportunidades que há em casa (nas ilhas, no país). Somos capazes de poder ter uma vida tranquila e segura no país. Antes a intenção era imigração, mas com o turismo já não é necessário ir para fora e podemos trabalhar numa empresa grande como esta. Então é uma oportunidade super importante para as famílias, para os jovens”, aconselha.
“A oportunidade que esta empresa me deu, fez-me ver que a Boa Vista é uma opção. Através de mim já vieram muitos jovens que eu aconselhei a vir”, acrescenta.
Hoje, garante que gosta muito do que faz e, entre outras tarefas, está agora envolvido com a introdução de painéis solares nos resorts do grupo, rumo “à energia verde”.
A Boa Vista, há muitos anos que passou a ser a sua nova casa. “Eu sou muito feliz aqui. Já sou 80% da Boa Vista (risos) e 20% de Santiago, por que a minha mãe está lá”.
Edumiro - de ajudante de armazém a chefe de cozinha
Também Edumiro Medina, 32 anos, Fogo, veio influenciado por um primo, em 2008, para a ilha das Dunas, na altura que o Karamboa abriu. Começou a trabalhar no “armazém” e, hoje, “com muito sacrifício e apoio” é chefe de cozinha.
Quando era pequeno cozinhava em casa, mas estava longe de imaginar que um dia ia transformar-se num chefe de cozinha, de um grande grupo hoteleiro.
“Fui formado aqui dentro por outros mais experientes. É uma profissão que exige muito trabalho”, afirma. Os turistas, garante, “gostam de mais” de falar com os cozinheiros e aqui “cozinha-se de tudo”, até “cachupa”.
A esposa de Edumiro trabalha noutro “hotel”, também na área da restauração. Tal como para Elisangela e Feleciano, também Boa Vista se transformou na nova “casa” de Edumiro, devido às oportunidades que foram surgindo. Por isso, não tem receio de aconselhar outros jovens “apostarem” no turismo, como forma de combate ao desemprego.