A Nacao

Jacilene Monteiro leva a Cultura de Cabo Verde aos turistas

- GC

Jacilene Monteiro, 29 anos, é natural da Boa Vista e nunca emigrou. É animadora há quase 11 anos, profissão que abraçou quando terminou o 12º ano, em 2011, e que encara com uma alegria contagiant­e. “Logo de seguida entrei na animação. Foi só o tempo de completar 18 anos e começar”, recorda.

Na altura, conta, tinha “outros sonhos”, mas como vinha de uma família numerosa, com muitos irmãos, alguns deles na universida­de, teve de “esperar” que fosse a sua vez de poder prosseguir estudos. “Para que a família não tivesse o encargo de três universitá­rios, ao mesmo tempo”, explica.

“Sempre quis fazer animação, é algo que sempre gostei e, por isso, ainda estou aqui. Supostamen­te, era para estar na universida­de, mas eu me apaixonei pela profissão”.

Responsáve­l de palco

O que mais lhe cativa é a parte da dança, talento que vem desde pequena. “Boa Vista sempre foi uma ilha um pouco mais acanhada em relação às outras ilhas, mas, a dança é algo que sempre tive dentro de mim. Sempre que via o pessoal da animação, com fardas, ficava me imaginando a fazer aquilo”. Por isso, animação foi a primeira área para a qual fez entrevista e, como recorda, no “primeiro momento” foi selecionad­a.

Hoje, é segunda chefe de animação, desde 2018, e responsáve­l de palco. “É uma aposta que fizeram em mim, e algo que, quando entrei, no início, tínhamos chefes europeus, e na nossa ideia, nós, os cabo-verdianos, não seríamos chefe”.

Nesse contexto, destaca que o Riu é um grupo que aposta nos locais. “Hoje temos cabo-verdianos no Senegal para formar senegalese­s. Então, Cabo Verde cresceu e apostaram na nossa capacidade de comandar qualquer departamen­to dos hotéis”.

Do crioulo à música

Os animadores, garante a nossa entrevista­da, fazem um pouco de tudo. Temos espetáculo­s, que era o que eu fazia no início, mas também temos actividade­s diurnas, que são jogos, ginástica, fitness, e temos a parte de relações públicas, que é a convivênci­a com os clientes, conversar, que é mais a alma do hotel”, explica. “A animação é o coração do hotel”, reforça.

Dar a conhecer um pouco da cultura cabo-verdiana, todos os dias é uma das missões de Jacilene. “Temos a dança cabo-verdiana, que sempre existiu no hotel, temos shows cabo-verdianos, que é o único show que se repete todas as semanas, para que todos os clientes possam conhecer um pouco da nossa cultura”.

Segundo conta, os clientes “adoram” aprender algumas coisas básicas em crioulo e entre os artistas mais populares, além de Cesária Évora, estão os MC Malcriado, radicados em França, e a música “Nha mudjer (Susana Ku Susete)” de Zeca Nha Reinalda.

Saída para o desemprego superior ao salário mínimo

Jacilene não tem dúvidas de que o turismo contribuiu para o desenvolvi­mento da ilha. “Eu nasci e cresci na Boa Vista sem turismo e conheço a Boa Vista com o turismo. Então, dá para ver aqui qual é a importânci­a do turismo para Cabo Verde”, defende.

O exemplo mais recente, diz, foi na pandemia, em que a ilha esteve parada, mas em que o Riu, foi, como afirma, “uma empresa fiel, que nunca nos abandonou”. “Agora, temos trabalho, temos movimento. O turismo é muito importante”, advoga.

Nesse sentido, acredita que apesar de ser uma área “cansativa”, o turismo é uma “saída” para o desemprego. Pelo menos no Sal e Boa Vista, é das áreas mais bem pagas, com trabalho mais fixo, e com um salário razoável, muito mais além do que o salário mínimo cabo-verdiano”.

Apesar de ter o sonho de estudar gestão hoteleira, Jacielene garante que, neste momento, pretende continuar na Boa Vista a fazer o que gosta.

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