110 mil crianças e adolescentes morreram por complicações em 2021
A luta contra o HIV-Sida regista uma regressão em vários países do mundo, como detalha o relatório global da UNICEF publicado às vésperas do dia internacional da luta contra a Sida, assinalado a 1 de Dezembro. A Ásia, o Oriente Médio e o Norte de África são as regiões com mais regressões no combate ao Vírus da Imonuficiência Humana.
Orelatório da UNICEF alerta para a estagnação na prevenção e tratamento do HIV em crianças, adolescentes e grávidas nos últimos três anos, com muitas regiões a permanecem sem cobertura e serviços de saúde após a pandemia.
Apesar do número total de crianças vivendo com HIV ter diminuído, a lacuna de tratamento entre crianças e adultos continua a crescer. Nos países mais afetados, a cobertura de tratamento para crianças ficou em 56% em 2020, mas caiu para 54% no ano passado.
Entre as razões para esse declínio estão a pandemia de Covid-19 e outras crises globais, que aumentaram a marginalização e pobreza. A diminuição da vontade política e de uma resposta debilitada à Sida em crianças é também apontado como causa no aumento de mortes de crianças pela doença no mundo.
Apenas 52% de crianças tiveram acesso a antirretrovirais
Globalmente, apenas 52% das crianças vivendo com HIV tiveram acesso ao tratamento, nos últimos anos. Apesar de representarem apenas 7% do total de pessoas vivendo com HIV, crianças e adolescentes representaram 17% de todas as mortes relacionadas com a Sida e 21% de novas infecções por HIV no ano passado.
Para o Unicef, a menos que as causas das desigualdades sejam abordadas, será difícil erradicar a doenças entre crianças e adolescentes. Novas infecções por HIV entre crianças mais novas, de zero a 14 anos, caíram 52% de 2010 a 2021, e novas notificações entre adolescentes, 15 a 19 anos, também caíram 40%.
Da mesma forma, a cobertura do tratamento antirretroviral ao longo da vida entre grávidas vivendo com HIV aumentou de 46% para 81% em uma única década.
Estagnação sem precedentes
A chefe adjunta de HIV/Sida do UNICEF, Anurita Bains, alerta que, embora as crianças tenham ficado muito atrás dos adultos na resposta a Sida, a estagnação observada nos últimos três anos é sem precedente, colocando muitos jovens em risco de doença e morte. Para ela, “a cada dia que passa sem progresso, mais de 300 crianças e adolescentes perdem a luta contra a Sida”.
A cobertura entre todos os adultos que vivem com HIV foi 20% maior do que entre as crianças. A diferença é ainda maior entre crianças e gestantes vivendo com HIV. Já a porcentagem de crianças entre 0 e 4 anos vivendo com HIV e não recebendo tratamento aumentou nos últimos sete anos, subindo para 72% em 2021, tão alto quanto em 2012.
Anurita Bains acredita que com compromisso político renovado para atingir os mais vulneráveis, parceria estratégica e recursos para ampliar os programas, é possível acabar com a Aids em crianças, adolescentes e grávidas.
Queda na cobertura em diversas regiões
A cobertura de tratamento para gestantes e lactantes caiu em 2020 em muitas regiões. Entre elas, Ásia e Pacífico, Caribe, África Oriental e Austral, América Latina, Oriente Médio e Norte da África e África Ocidental e Central.
Ásia e Pacífico, Oriente Médio e Norte da África registraram novos declínios no ano passado. Exceto pela África Ocidental e Central, que segue com a maior carga de transmissão vertical, a de mãe para filho, nenhuma das regiões mencionadas recuperou os níveis de cobertura alcançados em 2019.
Essas interrupções colocam a vida dos recém-nascidos em maior risco. No ano passado, mais de 75 mil novas infecções infantis ocorreram por falta de diagnóstico para as gestantes e, por conseguinte, tratamento.