A Nacao

Gospel, uma nova “faceta” de Chando Graciosa

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Além do funaná, género que melhor o identifica no mundo da música cabo-verdiana, Chando Graciosa diz que tem procurado mostrar a sua outra faceta, a de cantor de gospel, um género de música religiosa oriundo dos EUA. Neste momento, tem em andamento um projecto denominado Chando Graciosa Gospel Ministry (CGGM) que, como o nome indica, é um ‘salto’ ao gospel.

“Faço parte de uma congregaçã­o em que estou numa posição posterior ao pastor”, conta o artista que anos atrás lançou o seu primeiro CD de gospel, em crioulo, “Consedjo”. “São mornas, coladeiras, entre outros géneros, que cantei, mas todas com palavras e mensagens evangélica­s”, conta, referindo que a seu ver, “Cabo Verde deve ter um espaço para gospel”.

“Estou a lutar para conseguir, junto do Ministério da Cultura e Indústrias Criativas, para que os artistas deste género tenham também um palco. Há crentes que não participam do Festival de Gamboa e outros, que, no entanto, gostariam de poder participar e frequentar um festival de gospel. Se somos um país religioso, devemos ter um espaço para este tipo de evento que, além de cariz religioso, tem também uma importante vertente social”.

Como revela, há dois anos, chegou a abordar a Câmara Municipal do Tarrafal no sentido de concretiza­r essa ideia. “Tinha contactado o Totó, irmão do Norberto Tavares, para trazer um artista dos Estados Unidos, um outro do Gana, outros tantos da França, que são internacio­nalmente conhecidos neste ramo. De Cabo Verde, tinha falado com a Ruth Borges, uma menina muito boa em Gospel”, entretanto, com a pandemia, “tudo foi cancelado”.

Agora, sem as incertezas da covid-19, espera retomar a ideia, com o apoio do Governo, entre outras entidades, para trazer grandes nomes do gospel a Cabo Verde. “Da minha parte prometo fazer o que estiver dentro das minhas possibilid­ades, para realizar concertos gospel para aqueles que gostam, tendo, sobretudo, cariz social para ajudar as pessoas que precisam de habitação condigna”.

Falar de Cristo sem vergonha

Esclarecen­do um pouco o conceito de gospel, Chando Graciosa explica que, diferentem­ente do que muita gente pensa, “gospel não é música em si”. “É evangeliza­r, falar de Cristo, o que pode acontecer quer através do funaná, quer da deka, da morna, da coladeira ou qualquer outro género”. Em resumo, “a linguagem bíblica, ou a mensagem, é que faz uma música gospel”.

E foi precisamen­te por isso que o seu primeiro CD de gospel vai do funaná ao batuco, passando pelo jazz, e que o próximo não será diferente. Será, como diz, um álbum de gospel com “gostu di terra”.

“Conto com músicos cabo-verdianos conceituad­os que me estão a ajudar a ter um trabalho mais apurado, um repertório mais bem estruturad­o, para tocar da melhor forma os cabo-verdianos e outros, amantes do gospel. Há cinco anos que estou nisso e espero que este venha a ter um resultado positivo. Não tem sido fácil, dado que os nossos irmãos cabo-verdianos, mesmo os músicos, não estão acostumado­s e quando chamados para cantar e louvar a Deus, poucos mostram interesse”.

Ademais, chama atenção de que as suas músicas são para os “cristãos” e não para uma religião em concreto. Isto porque, acredita, “Deus é um só, quer o da religião católica, quer o das outras confissões cristãs, por exemplo, Testemunha­s de Jeová, Adventista­s, Evangélico­s ou outras”.

Chando Graciosa contou ao A NAÇÃO que “muitos artistas cabo-verdianos acham que se cantarem gospel, ou falarem de Deus, nos seus espectácul­os, os seus nomes “vão cair”, ou “que deixarão de ter sucessos”. Obviamente que esse não é o seu caso.

“Sou homem de Deus e não tenho vergonha de louvar o Criador. Se, por causa disso, alguém resolver não me escutar, isso não me preocupa, pois ‘Deus ki da boka, ki ta da bokadu’, portanto, não me faltará pão, nem alegria e a satisfação de quem olha por nós”, conclui.

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