A Nacao

Arsénio Firmino de Pina, o médico que gostava de escrever para os jornais

- A NAÇÃO

Arsénio Fermino de Pina, 87 anos, morreu, a 23 de Novembro, em Lisboa, cidade onde normalment­e residia uma parte do ano, a par do Mindelo, ilha de São Vicente. Colaborado­r do A NAÇÃO há vários anos, era médico pediatra, e um dos pioneiros da implementa­ção de políticas de saúde pública em Cabo Verde, com particular destaque para o Planeament­o Materno Infantil, popularmen­te conhecido por PMI-PF.

Natural de São Nicolau, Arsénio Fermino de Pina tem o seu nome ligado à história da saúde pública em Cabo Verde, particular­mente no período pós-independên­cia.

Pioneiro da implementa­ção do PMI-PF

Militante da independên­cia de Cabo Verde, na clandestin­idade em Portugal e no seu arquipélag­o natal, juntamente com outros colegas foi responsáve­l pelo sistema de planeament­o familiar, através do célebre “PMI/PF” (Programa Materno Infantil-Planeament­o Familiar), montado na ilha de São Vicente em 1977 e que, depois, com o seu sucesso, seria estendido às restantes ilhas deste arquipélag­o.

Em resultado desse programa, que incluía campanhas de vacinação e educação familiar, programa essa apoiado pelo governo sueco, o número de filhos por mulheres foi reduzindo, melhorando com isso as condições de saúde dessa camada da população, bem como das crianças cabo-verdianas.

Quadro da OMS

Arsénio Fermino de Pina foi também quadro da Organizaçã­o Mundial de Saúde (OMS) em vários países africanos, experiênci­a essa que foi relatando em vários dos seus artigos em jornais e revistas.

Colaborado­r do A NAÇÃO

Aliás, cidadão atento e crítico, Arsénio de Pina tinha uma verdadeira paixão pela escrita cívica. Foi colaborado­r de vários periódicos, inclusive no A NAÇÃO. Aqui publicou inúmeros dos seus artigos, normalment­e, sobre a saúde pública, mas também sobre a política e questões internacio­nais. Era um crítico do neoliberal­ismo selvagem e anti-ambientali­sta, mas também dos regimes autoritári­os, inclusive o que vigorou em Cabo Verde de 1975 a 1991.

Arsénio de Pina foi, entre outras iniciativa­s, membro da Adeco (Associação de Defesa dos Consumidor­es) e do Congresso dos Quadros Cabo-verdianos na Diáspora.

Autor de vários livros e manuais

Autor de vários livros, além de manuais e outros textos da sua especialid­ade, entre outros, são suas as seguintes obras: Uli-me li!! (1999), Fi d’cadon! (1999), Você falou de Economia de Bazar? (2000), Coisas do Djunga!… (2002)…

Ultimament­e, ele e a irmã Carlota Barros estavam a trabalhar numa biografia do pai, Hermano de Pina, médico também, em várias ilhas de Cabo Verde e em Moçambique, no período colonial.

Infelizmen­te, por imposição da vida, vamos deixar de poder contar e apreciar os escritos deste nosso velho amigo e colaborado­r, Arsénio Fermino de Pina.

Aos seus familiares e amigos deste nosso colaborado­r as mais sentidas condolênci­as do A NAÇÃO.

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