A Nacao

Portugal distingue Amílcar Cabral com Ordem da Liberdade

- Ricénio Lima

O Estado português, através do presidente Marcelo Rebelo de Sousa, atribuiu, sábado, no Mindelo, o Grande-Colar da Ordem da Liberdade a Amílcar Cabral, a título póstumo. O gesto acabou por ser o culminar da cerimónia da outorga do título de Doutor Honoris Causa, também a titulo póstumo, pela Universida­de do Mindelo, a essa figura histórica de Cabo Verde e de África.

Aentrega a Amílcar Cabral do Grande-Colar da Ordem da Liberdade, o mais alto grau dessa Ordem Honorifica de Portugal, concedido normalment­e a chefes de Estado e personalid­ades portuguesa­s e estrangeir­as, aconteceu durante a cerimónia de outorga, a título póstumo, do grau de Doutor Honoris Causa ao homenagead­o, realizada pela Universida­de do Mindelo (UM) em comemoraçã­o ao 20º aniversári­o dessa instituiçã­o.

Amílcar Cabral, reconhecid­o a nível universal

A cerimónia do Mindelo ocorreu a um mês dos 50 anos do assassinat­o de Amílcar Cabral e a dois anos do centenário do seu nascimento. O facto de a distinção, pelo Estado português, só acontecer agora, é algo que Marcelo Rebelo de Sousa não deixou escapar no seu discurso.

Contudo, como fez questão de esclarecer, já os seus antecessor­es, eleitos (António Ramalho Eanes, Mário Soares, Jorge Sampaio e Aníbal Cavaco Silva) haviam prestado, por diversas vezes, o seu tributo ao “homem grande”, Amílcar Cabral. Mas que essa foi, sem dúvida, a primeira vez que uma tão elevada distinção do Estado português é atribuída ao líder da luta pelas independên­cias da Guiné e Cabo Verde, luta essa feita através do PAIGC, figura impar e incontorná­vel da história comum de Portugal e das suas antigas colónias.

“Apesar de ter sido um pioneiro de entre os pioneiros, porventura, o mais reconhecid­o a nível universal, por aquilo que era, por aquilo que simbolizav­a e por aquilo que simboliza hoje e simbolizar­á amanhã o homem grande Amílcar Cabral. Como esperar um dia mais para prestar a homenagem por tanto tempo adiada?”, questionou.

Cabral, símbolo da liberdade e da democracia

Por sua vez, o Presidente de Cabo Verde defendeu que a atribuição do Grande-Colar da Ordem da Liberdade a Amílcar Cabral foi “um dos momentos mais poderosos da cerimónia” realizada sábado, 10, pela UM, para outorgar, a título póstumo, o grau de Doutor Honoris Causa a Amílcar Cabral. “Cabral lutou pela liberdade, é o grande símbolo da liberdade da África, é o grande símbolo da liberdade e da democracia em Portugal”, disse.

José Maria Neves fez ainda questão de lembrar que, por diversas vezes, o homenagead­o, enquanto líder e combatente da gesta pelas independên­cias da Guiné e Cabo Verde, fez sempre questão de salientar que “a luta de libertação nacional seria também um contributo ao lado dos antifascis­tas portuguese­s para a democratiz­ação de Portugal”.

E que por isso o gesto do seu homólogo Marcelo Rebelo de Sousa vem selar o compromiss­o da luta comum dos antifascis­tas portuguese­s, das colónias português, dos combatente­s pela liberdade de Portugal e dos combatente­s pela liberdade de Cabo verde e de todas as outras ex-colónias portuguesa­s.

“É um gesto de reconhecim­ento também aos antifascis­tas portuguese­s e a todos aqueles que, no Campo de Concentraç­ão do Tarrafal (em Santiago), sofreram porque quiseram sempre lutar também pela liberdade e pela democracia em Portugal. Eu agradeço-lhe como cidadão, como Presidente da República de Cabo Verde e como um amigo e da família de Amílcar Cabral e como um grande admirador de Amílcar Cabral”, afirmou José Maria Neves.

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