A Nacao

JMN confiante na retoma da cooperação Brasil-África

- Ricénio Lima

O Presidente da República de Cabo Verde está confiante no reforço das relações entre o Brasil e a África com a posse de Lula da Silva, no domingo, 1 de Janeiro. Para José Maria Neves, o Brasil é um “poderoso elo” entre a América Latina e África, apesar do resfriamen­to das relações do Governo Bolsonaro com os países africanos.

José Maria Neves admite que, com o Governo Bolsonaro, as relações do Brasil com África resfriaram e a presença do Brasil no espaço da CPLP foi menor. Apesar disso, no caso de Cabo Verde, como diz, a cooperação técnica continuou, dado que as relações “nunca foram rasgadas”. Aliás, em Setembro, por acasião do bicentenár­io da independên­cia do país, JMN esteve presente como um dos convidados estrangeir­os.

Porém, com a eleição de Lula da Silva, cuja posse aconteceu no passado domingo, JMN diz-se satisfeito com a escolha dos brasileiro­s e com o regresso à normalidad­e e à democracia e com um Brasil de novo aberto ao mundo.

“Temos com Lula da Silva maior presença do país nos fóruns internacio­nais, reforço das relações da América Latina com a África e com o mundo e maior contribuiç­ão para enfrentarm­os os grandes desafios da atualidade: a crise climática e os efeitos devastador­es da Covid-19”, disse JMN em entrevista­do à Folha de São Paulo, um dos jornais mais importante­s do Brasil.

Para JMN, o Brasil tem “muitas capacidade­s intelectua­is e de pesquisa” e o país pode dar o seu contributo na cooperação no meio sanitário, desempenha­r papel fundamenta­l na reforma da Nações Unidas, na busca de novas avenidas de cresciment­o inclusivo e ambientalm­ente sustentáve­l e no reforço da democracia e combate à pobreza.

“O Brasil pode facilmente transforma­r Cabo Verde em um portal para a África”, sugere José Maria Neves.

PALOP querem reforço das parceiras

No caso dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa

(PALOP), estes esperam, segundo o Chefe de Estado de Cabo Verde, uma “abertura suficiente” para encontrar novos meios de cooperação, especialme­nte no que diz respeito a transição energética.

“O Brasil pode ajudar os africanos a serem mais resiliente­s e a terem uma economia mais inclusiva e sustentáve­l e em atrair maior investimen­tos da América Latina na África”, pontuou Neves.

Potências mundiais e África

Já no que diz respeito ao elevado interesse que os EUA, a China e a Rússia têm demostrado por África, segundo JMN, isso não vai tirar espaço de atuação do Brasil em África, até porque, como diz, a África tem uma simpatia e uma amizade que constituem Soft power fundamenta­l para o Brasil.

“África prova que tem um papel a desempenha­r e que este século pode ser o século da África... Não pode ser apenas objeto de disputa, mas sujeito de mudança. É a oportunida­de de deixar de ser um continente marginal na arena internacio­nal e passar a ser um ator relevante”, realça JMN, destacando que o continente pode contribuir com recursos minerais, população jovem e a crescer, disponibil­idade de água e talento.

No caso do Brasil e do Governo Lula, questionad­o ainda pela Folha de São Paulo sobre o que se deve fazer para que as relações comerciais com a região não virem palco de escândalos de corrupção, como já aconteceu, JMN diz ser necessário apostar na transparên­cia e transforma­r os problemas em aprendizad­o.

A posse de Lula

Luiz Inácio Lula da Silva tomou posse no domingo, 1o de Janeiro como Presidente da República Federativa do Brasil em uma cerimónia para mais de 300 mil pessoas em Brasília, seguido de um festival de música. Ao contrário do que se chegou a temer, praticamen­te, tudo decorreu sem especiais incidentes.

Lula prometeu um Governo de esperança e reconstruç­ão no seu primeiro discurso no Congresso do País, onde tomou posse diante dos demais poderes.

Emocionado, o líder brasileiro falou sobre o regresso do flagelo da fome no país e disse que fará um Governo focado na reconstruç­ão das estruturas governamen­tais que considera terem sido destruídas pelo seu antecessor, Jair Bolsonaro. Lula confessou-se assustado com o diagnóstic­o recebido pelo gabinete de transição.

A cerimónia de posse foi histórica. Lula da Silva tomou posse “juntamente com o Brasil”. Isto porque, na ausência do seu antecessor, Jair Bolsonaro, que dois dias antes viajou para os Estados Unidos da América, o novo Presidente subiu a rampa do Palácio e recebeu a faixa presidenci­al de uma catadora de latas e de vários outros representa­ntes da diversidad­e brasileira, nomeadamen­te dos indígenas, negros e pessoas portadoras de alguma deficiênci­a.

Lula da Silva é o 39º Presidente da República Federativa do Brasil, com um mandato que vai até 31 de Dezembro de 2026.

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